Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático
Edição: Scriptum
Os Estados Unidos acabaram de realizar as eleições legislativas para renovar todas as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes, e 35 das 100 vagas no Senado. Foram as chamadas “midterms”, as eleições que sempre acontecem no meio do mandato dos presidentes.
O atual inquilino da Casa Branca, o democrata Joe Biden, não tem um governo muito bem avaliado pelos norte-americanos. Na média das pesquisas, ele tem, em meados de novembro, 53% de desaprovação, contra 42% de aprovação.
Antes das midterms, os democratas tinham uma discreta maioria na Câmara: 220 cadeiras contra 212 dos republicanos.
Os votos de 7 distritos ainda não acabaram de ser contados no dia em que escrevo. Mas os republicanos já garantiram o controle da Câmara pelos próximos dois anos: elegeram 218 deputados, contra 210 dos democratas.
Na prática, a democrata Nancy Pelosi já anunciou que se afastará da presidência da Câmara. A partir de janeiro, um deputado republicano assumirá a estratégica função de “speaker”.
No Senado, também houve equilíbrio nas urnas, mas os democratas ao menos conseguiram manter a condição de partido majoritário.
O partido de Biden tinha 50 senadores antes da eleição, e já garantiu estas mesmas 50 cadeiras.
O Estado da Georgia ainda realizará um segundo turno no começo de dezembro. Se o candidato democrata for reeleito por lá, os democratas teriam uma vantagem de 51 senadores contra 49 dos republicanos.
Mas mesmo que os republicanos vençam a disputa na Georgia, e também fiquem com 50 senadores, o voto de minerva cabe, pela constituição americana, à vice-presidente democrata Kamala Harris. Esta é exatamente, aliás, a mesma correlação de forças atual no Senado.
O que estes resultados dizem sobre a eleição presidencial de 2024? A maioria dos analistas têm apontado, com razão, que o ex-presidente republicano Donald Trump foi um dos grandes derrotados.
Os republicanos, ao contrário do que se esperava, não recuperaram o controle do Senado, e não fizeram uma maioria folgada na Câmara. E muitos dos nomes apoiados por Trump nos Estados não conseguiram ser eleitos.
O ex-presidente já anunciou que disputará novamente a indicação a presidente pelos republicanos, mas possivelmente disputando a vaga com o governador Ron deSantis, reeleito na Flórida.
Entre os democratas, Biden não parece ter um rival ainda, e tudo indica que será candidato à reeleição, surfando novamente a onda anti-Trump.
Mas, para que tenha chances de ser reeleito, precisará recuperar preciosos pontos nas pesquisas de popularidade. A disputa está em aberto.
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