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{ ARTIGO }

Um guia de leitura para a doutrina social da Igreja Católica

O legado de Leão XIII gerou frutos em quase todos os pontificados posteriores, e o atual não será exceção, escreve Rogério Schmitt

Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Os católicos de todo o mundo acabam de ganhar um novo Sumo Pontífice. No último dia 8 de maio, o norte-americano Robert Francis Prevost foi eleito Papa pelo Conclave dos cardeais reunidos em Roma, assumindo o nome de Leão XIV e se tornando o 266º sucessor de São Pedro no governo da Igreja Católica.

O novo Papa tem declarado que a escolha do nome Leão não foi casual. Trata-se de uma homenagem direta ao Papa Leão XIII, que governou a Igreja entre 1878 e 1903 e cujo pontificado ficou marcado por inaugurar, nos tempos modernos, a chamada Doutrina Social da Igreja (DSI) por meio da encíclica Rerum Novarum (1891).

A Doutrina Social da Igreja (também conhecida como ensino social cristão) é a parte da doutrina católica que se preocupa com a dignidade humana e com o bem comum da sociedade, nas suas dimensões sociais, políticas e econômicas.

Vou deixar para um próximo artigo a apresentação mais didática dos princípios que orientam a DSI. Hoje, gostaria somente de mapear as principais fontes e documentos a partir dos quais o ensino social cristão veio sendo elaborado nesse (quase) último século e meio.

De Leão XIII até Francisco, as encíclicas escritas pelos Papas têm ocupado o lugar central no desenvolvimento da doutrina social da Igreja. A maioria dos pontífices que passaram pela Santa Sé escreveu sobre os temas econômicos, políticos e sociais a partir de um olhar cristão.

Após Leão XIII, o papa Pio XI (1922-1939) escreveria a encíclica Quadragesimo Anno (1931). A DSI seria retomada por João XXIII (1958-1963), que deixou como legado a Mater et Magistra (1961) e a Pacem in Terris (1963).

Já no contexto posterior ao Concílio Vaticano II, o papa Paulo VI (1963-1978) escreveria a encíclica Populorum Progressio (1967) e a carta apostólica Octogesima Adveniens (1971). Por sua vez, João Paulo II (1978-2005) dedicaria à DSI nada menos do que três encíclicas: a Laborem Exercens (1981), a Sollicitudo Rei Socialis (1987) e a Centesimus Annus (1991).

Já perto do final de seu pontificado, em 2004, João Paulo II ainda encarregaria o Pontifício Conselho Justiça e Paz (atual Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral) de redigir o célebre Compêndio da Doutrina Social da Igreja, documento que sistematizou todas as encíclicas e outros documentos papais escritos até aquele momento.

Mais recentemente, os dois predecessores imediatos de Leão XIV também publicaram encíclicas sociais: a Caritas in Veritate (2009), de Bento XVI (2005-2013), e a Laudato Si’ (2015) e a Fratelli Tutti (2020), do saudoso papa Francisco (2013-2025).

No pontificado de Leão XIV, portanto, será mais do que natural a publicação de uma ou mais novas encíclicas sociais, dentro da longa tradição da DSI. O legado inaugurado por Leão XIII continuou gerando frutos em quase todos os pontificados posteriores, e acredito que o atual não será exceção.

 

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


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