Pesquisar

tempo de leitura: 2 min salvar no browser

{ ARTIGO }

Um olhar de longo prazo sobre a popularidade do governo Lula

Na avaliação do cientista político Rogério Schmitt, para que o presidente Lula volte a ser eleitoralmente competitivo, é necessário que a sua reprovação caia

Rogério Schmitt, cientista político e colaborador do Espaço Democrático

Edição Scriptum

 

Quase toda semana sai alguma pesquisa nova sobre os índices de aprovação e desaprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem contar aqueles que só fazem pesquisas pela internet, há pelo menos sete institutos que divulgam periodicamente os resultados de pesquisas nacionais de popularidade feitas ou presencialmente ou por telefone.

Estamos falando de uma quantidade enorme de dados: cerca de 30 pesquisas por ano, considerando os diferentes institutos. Nesse ambiente, é muito fácil para o analista perder o fio da meada, pois as pesquisas não só envelhecem muito depressa como também podem apresentar resultados destoantes entre si.

Pessoalmente, acho que faz muito mais sentido buscar padrões que sejam menos suscetíveis às naturais oscilações de curto prazo das sondagens de opinião. Assim, prefiro trabalhar com séries trimestrais, calculando as médias aritméticas simples entre todas as pesquisas realizadas em cada período.

O gráfico abaixo mostra então a evolução das taxas binárias de aprovação e de desaprovação ao governo e/ou ao presidente ao longo dos dez trimestres já decorridos desde o início do mandato atual. Em cada período, o número de pesquisas computadas oscilou entre quatro e dez.

 

 

Visualmente, é possível perceber com clareza três momentos diferentes nos índices de popularidade do presidente Lula.

No primeiro ano de governo (2023), o presidente desfrutou de seu melhor momento até agora. Surfou em taxas de aprovação sempre superiores a 50%. Ao mesmo tempo, porém, já era possível perceber um aumento contínuo das taxas de reprovação.

No segundo ano de mandato (2024), a popularidade dele se retraiu ainda mais. As curvas de aprovação e desaprovação já são praticamente indistinguíveis uma da outra, caracterizando o que poderíamos chamar de um “empate técnico” entre os eleitorados governista e oposicionista.

Finalmente, neste ano de 2025, nos deparamos com a célebre imagem do “jacaré abrindo a boca”. Nos dois primeiros trimestres, as taxas de reprovação já estão num patamar bem acima (dez ou mais pontos de porcentagem) das taxas de aprovação. Em termos de popularidade, o primeiro semestre foi terrível para o presidente Lula.

Ainda teremos pela frente mais quatro trimestres (os dois últimos de 2025 e os dois primeiros de 2026) antes do início oficial da próxima campanha eleitoral. Portanto, os números acima certamente não permitem fazer bons prognósticos para a sucessão presidencial.

Naturalmente, para que Lula volte a ser eleitoralmente competitivo, seria preciso ao menos que a boca do jacaré se fechasse. Por outro lado, uma possível continuidade dos números registrados até agora em 2025 sugeriria uma disputa sucessória absolutamente indefinida.

 

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.


ˇ

Atenção!

Esta versão de navegador foi descontinuada e por isso não oferece suporte a todas as funcionalidades deste site.

Nós recomendamos a utilização dos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox ou Microsoft Edge.

Agradecemos a sua compreensão!