Integrantes do Partido Social Democrático de todo o Brasil participaram na manhã desta segunda-feira, 10, do seminário “Brasil: Uma Visão Estratégica”, promovido pelo Espaço Democrático – fundação do PSD para estudos e formação política – para debater propostas que vão fazer parte do programa partidário.
Todo o evento foi transmitido pela internet, ao vivo, com a possibilidade de os participantes enviarem em tempo real perguntas e sugestões aos debatedores. Isso permitiu iniciativas como as dos diretórios estaduais do Paraná e de Goiás, que reuniram filiados e militantes para assistirem juntos ao seminário.
Mais de 60 perguntas foram enviadas à mesa e as que não foram respondidas imediatamente foram encaminhadas aos debatedores, que se encarregarão de respondê-las nos próximos dias. O debate repercutiu também no Facebook e no Twiter, com participantes de todos os Estados recebendo informações e fotos e trocando mensagens sobre o conteúdo do debate.
Para o presidente do Espaço Democrático, vice-governador de São Paulo Guilherme Afif, o evento “foi um passo vigoroso no sentido de fazer política de forma diferente, que é a proposta de nosso partido desde a sua criação”.
Segundo ele, o PSD nasceu com a proposta de ser um partido ligado no Brasil: “Com eventos como o seminário desta segunda-feira, estamos usando as formas mais modernas de interação para debater o nosso programa partidário”. Afif adiantou que as ferramentas da internet serão usadas também para qualificar os futuros representantes do partido, com cursos à distância sobre as propostas e a doutrina do PSD.
Riqueza cultural
O primeiro debatedor do painel desta segunda-feira foi o produtor cultural Danilo Miranda, diretor do SESC-SP e coordenador do Conselho Temático de Cultura do Espaço Democrático. Ele destacou a importância da cultura em todos os aspectos da vida de uma nação e defendeu a ideia de que é preciso buscar caminhos para que a imensa riqueza cultural do Brasil se transforme também em bem econômico.
“A cultura é uma riqueza fundamental, um capital que pode e deve ser explorado economicamente”, afirmou, propondo uma aproximação maior da cultura com a educação. “Não podemos imaginar um país que não tenha essa preocupação, a de levar a cultura para o processo educacional”, disse, concluindo: “Precisamos pensar em como transformar toda a nossa imensa riqueza cultural em benefício de nosso povo”.
O embaixador José Botafogo Gonçalves, ex-ministro da Indústria e Comércio Exterior, coordenador do Conselho Temático de Política Externa e Comércio Exterior do Espaço Democrático, foi o segundo debatedor do dia. Para ele, o Brasil precisa urgentemente rever alguns conceitos antiquados que ainda existem na sua relação com as principais economias do mundo.
“Um deles é o que privilegia a visão de que devemos produzir tudo aqui dentro, levando à ideia de que exportar é bom e importar é ruim”, disse. Em sua opinião, não é isso que acontece nas maiores economias mundiais. “O protecionismo não tem espaço no mundo moderno, precisamos seguir o exemplo dos Estados Unidos e da China, onde não se perde tempo pensando no percentual de conteúdo local ou importado”, citou, enfatizando que “o importante é o negócio como um todo”.
Ele criticou também o fato de o Brasil não aproveitar todo o potencial de sua proximidade com os países ocidentais. Segundo Botafogo Gonçalves, o País ainda vê com desconfiança um parceiro de enorme potencial como os EUA e, em relação à América Latina, continua com uma política aleatória, sem foco definido.
Taxa de investimento
O economista e professor da USP Roberto Macedo, terceiro debatedor do dia, apontou a baixa taxa de investimento hoje observada no Brasil como um grande problema a ser ultrapassado. “A China, para registrar as elevadas taxas de expansão econômica que mantém, investe cerca de 40% de seu PIB. Mesmo na América Latina, temos países do Mercosul que investem cerca de 25%, mas no Brasil nossas taxa de investimento está em torno de 17 a 18%, o que é ridiculamente baixo”, explicou.
Para ele, como o Brasil é um país pobre que vem crescendo pouco, precisa adotar políticas de crescimento que incluam qualificação da mão de obra e mais investimento em infraestrutura e na busca de inovação. “Mas primeiro precisamos consolidar nosso desempenho nas áreas em que temos vocação, como a agricultura, a mineração e o comércio”, explicou, acrescentando que isso pode ser feito somando-se valor agregado ao que já produzimos, como mais investimento na agroindústria e na busca de novas formas de uso das commodities que temos em abundância. “Mas para isso devemos investir muito em infraestrutura”, lembrou.
Para isso, concluiu o economista, “propomos uma estratégia, uma visão de Brasil, na qual se identifique nossas áreas mais promissoras e se invista em sua consolidação”. Segundo ele, “a partir daí teremos a oportunidade de avançar para novos estágios de desenvolvimento”.
Uma versão compacta do seminário desta segunda-feira será colocada no site do PSD, para permitir o acesso daqueles que não puderam acompanhar ao vivo. Mais quatro seminários como esse serão realizados pelo Espaço Democrático nos próximos meses, contribuindo com a coleta de ideias e propostas que poderão fazer parte do programa do PSD para o Brasil.