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{ REVOLUÇÃO DE 1930 }

A virada no debate iniciado pelos marxistas

Historiador Antônio Paim analisa um viés da discussão sobre o “caráter da revolução brasileira”  

 

Antônio Paim

Sob influência marxista, o debate do tema que de início se denominou de “caráter da revolução brasileira” estreitou-se de tal forma que somente interessava a eles, os marxistas. Consagra esse estreitamento o livro de Caio Prado Junior (1907-1990), A revolução brasileira (1966).

Partindo da tese de que em Portugal não houve feudalismo, Caio Prado entendeu que a revolução brasileira seria socialista. Trata-se de atribuir rigidez à hipótese marxista de que o curso histórico seria resultante da luta de classes e conhecera estes cinco tipos: comunismo primitivo; escravagismo; feudalismo; capitalismo e socialismo.

No livro A revolução de 1930 (1970), Boris Fausto (nascido em 1930) assim resume o que seria o ponto de vista historiográfico da Primeira República, mas que, na verdade, corresponde ao que seria o posicionamento oficial dos comunistas ao tempo em que existiam:

“Os elementos centrais deste modelo podem assim ser resumidos: na formação social do país existiria uma contradição básica entre o setor agro exportador, representado pelo latifúndio semifeudal, associado ao imperialismo, e os interesses voltados para o mercado interno. As disputas da Primeira República explicar-se-iam, em última análise, por esta oposição, assumindo as classes médias, identificadas com os movimentos militares, o papel de vanguarda das reivindicações burguesas”.

Boris Fausto irá se propor a demonstrar a existência da burguesia industrial. Parece-me não ter sentido reconstituir esse debate que seria inteiramente superado. A nosso ver, não se trataria de questão historiográfica, mas político-partidária.

O que denomino de “redirecionamento” do debate é a identificação do que diz respeito ao desenvolvimento econômico do País.

Ao incumbir-se da introdução ao livro Aliança Liberal. Documentos da Campanha Presidencial (Brasília, Biblioteca do Pensamento Político Republicano, Câmara dos Deputados, 1982), Ricardo Velez Rodriguez identifica o que considerou porta aberta à revolução industrial. Na plataforma da Aliança Liberal (1929) figuram pontos programáticos dessa índole:

“Tanto Getúlio quanto Collor consideram prioritária a intervenção do Estado na economia para consolidar a indústria siderúrgica brasileira. Desse fato dependem não só a segurança nacional, mas também o surgimento livre de outras indústrias mediante a fabricação da maquinaria que for necessária.”

E mais:

“No terreno energético, Lindolfo Collor frisa em seu Manifesto que a produção de petróleo deve ser racionalizada, a fim de garantir a independência do país. Esse problema, no entanto, até 1930 se arrasta laboriosamente sem que tenha sido possível até agora chegar ao resultado positivo de alcance industrial”.

Na sua volta ao poder, em 1950, Vargas trata de institucionalizar o apoio técnico dos Estados Unidos para a efetivação do que seria a sonhada revolução industrial.


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