Texto Estação do Autor com BBC News Brasil
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Famosa no mundo inteiro, Copacabana não é exclusividade do Rio de Janeiro. Existe uma na Bolívia com o mesmo nome. Na verdade, foi a Copacabana boliviana, às margens do Lago Titicaca, que deu origem ao bairro e à praia carioca.
Reportagem de Priscila Carvalho para BBC News Brasil explica como o nome Copacabana, influenciado por religião e ancestralidade, atravessa a história dos dois países latino-americanos.
Jhonny Ucedo, diretor de cultura e turismo da Copacabana boliviana, diz que o nome da cidade já existia há tempos e era usado pelos incas, que habitavam a região. Copacabana vem da expressão kota kahuana, do dialeto aimará, que significa ‘vista do lago’. O idioma é uma das línguas oficiais da Bolívia até hoje, além do espanhol. O nome também está ligado à religião católica, já que a padroeira da cidade é a Nossa Senhora de Copacabana. Em 1583, a santa, conhecida na cultura hispânica como Nossa Senhora da Candelária, foi levada à Bolívia pelos colonizadores espanhóis e, desde então, começou a ser cultuada por fiéis.
Por conta do contrabando na região no século 18, uma imagem chegou ao Rio de Janeiro por meio dos peruleiros, comerciantes que traziam diversas mercadorias para o Brasil, explica o historiador Milton Teixeira. A santa foi levada para a capela da Misericórdia e depois transferida para o local que é atualmente o Forte de Copacabana. Em 1746, o local se tornou reduto de festas, peregrinações e outras celebrações.
Foi só em 1892, com a abertura de um túnel que ligava Copacabana ao bairro de Botafogo, que a região começou a receber moradores. Já no início do século 20, o nome Copacabana também passou a ser usado para a faixa de areia, que era conhecida como praia da Igrejinha. Ao longo do tempo, passando por questões políticas e territoriais, a imagem foi finalmente levada para a paróquia da Ressurreição, no Arpoador, na divisa entre Copacabana e Ipanema, onde está até hoje.
Na Bolívia, Copacabana atrai quem faz turismo religioso ou quer ir para ilhas mais isoladas do Titicaca, um dos principais lagos da América do Sul. Muito procurada por viajantes, a Isla del Sol é considerada um grande sítio arqueológico, onde estão mais de 80 ruínas que datam de até 3.000 a.C. Além disso, a cidade está a mais de 3,8 mil metros acima do nível do mar, o que faz com que, mesmo no verão, as temperaturas fiquem baixas, entre 10 e 15 graus centígrados. Bem diferente da Copacabana brasileira onde faz calor quase o ano todo.