Texto: Estação Do Autor com O Globo
Edição: Scriptum
Ao contrário dos dias de hoje, quando a seleção brasileira levou seis horas para chegar ao Catar, sede da Copa do Mundo, em 1930 nossos jogadores enfrentaram duas semanas de viagem e chegaram ao destino nove dias antes da abertura do Mundial.
Naquele ano, o Uruguai foi o país escolhido para sediar o primeiro torneio mundial de futebol. Apesar de os países serem vizinhos no continente, era mais econômico embarcar nossos atletas num navio que vinha da Itália, numa espécie de “fretadão”.
A bordo do grandioso Conte Verde viajaram rumo a Montevidéu, além dos brasileiros, as seleções italiana, francesa, romena e belga.
Reportagem de Thales Machado para O Globo (para assinantes) relata histórias pitorescas do navio Conte Verde, que atravessou o Atlântico tendo a bordo além de esportistas, árbitros e dirigentes da Fifa, incluindo o presidente Jules Rimet. No entanto, uma das mais ilustres passageiras foi a taça, sonho de consumo da maioria dos viajantes da embarcação.
Além de custosos, eram raros os voos transatlânticos na época. O Conte Verde não era o único navio rumando o Uruguai. Dois outros navios trasladaram as seleções do México, EUA, Iugoslávia e Egito. Os africanos tiveram problemas para embarcar no SS Flórida e acabaram desistindo do mundial.
Apesar de sua imponência, o Conte Verde não deu sorte aos seus navegantes. Nenhuma das seleções que nele viajaram, incluindo a brasileira, passaram da primeira fase da competição. Porém, não foi só de futebol que se fez a história do navio. Ele teve participação honrosa na Segunda Guerra levando a bordo milhares de perseguidos pelo regime nazista da Europa para a América do Sul ou a Ásia.