Texto: Estação do Autor com BBC News
Edição: Scriptum
O que há pouco tempo sugeria roteiro de filme de ficção científica hoje é um problema real. A empresa Dish Network foi multada em US$ 150 mil (R$ 750 mil) por deixar lixo espacial orbitando em torno da Terra. Essa foi a primeira penalidade do gênero aplicada pela comissão de comunicações do governo americano (FCC). O valor é pequeno se comparado com a receita geral da Dish, que foi de US$ 16,7 bilhões (R$ 86 bilhões) em 2022. No entanto, a multa ainda pode ter impacto sobre outros operadores de satélite, de acordo com Megan Argo, professora de astrofísica na Universidade de Central Lancashire. O assunto é tema de reportagem publicada pela BBC News.
O lixo espacial é composto por pedaços de dispositivos que estão em órbita ao redor da Terra, mas não estão mais em uso e trazem risco de colisões. A Dish assumiu sua responsabilidade e concordou com um “plano de conformidade” junto à FCC.
O EchoStar-7, lançado em 2002, estava em órbita geoestacionária a uma altura a partir de 36 mil km da superfície da Terra. A Dish deveria ter movido o satélite para 300 km mais longe da Terra, mas no final de sua vida, em 2022, o moveu apenas A 122 km, após ficar sem combustível.
Segundo avaliou a comissão americana, o satélite representava um risco potencial para outros que orbitam nosso planeta. O chefe do departamento de fiscalização da FCC, Loyaan Egal, alerta que, à medida que as operações de satélite se tornam mais frequentes e a economia espacial acelera, é preciso garantir que os operadores cumpram os seus compromissos.
Estima-se que mais de 10 mil satélites tenham sido lançados no espaço desde 1957. Hoje, mais da metade deles estão sem uso. A NASA informa que existem mais de 25 mil detritos espaciais maiores de 10 cm de comprimento. O chefe da agência espacial americana, Bill Nelson, considera o lixo espacial um “grande problema”. Isso fez com que a Estação Espacial Internacional fosse retirada do caminho dos destroços que passavam. “Mesmo uma lasca de tinta vindo na direção errada à velocidade orbital, que é de 28 mil km/h, poderia atingir um astronauta durante uma caminhada espacial. Isso pode ser fatal”, finalizou Nelson.