Texto: Estação do Autor com DW.com

Edição: Scriptum

A arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon é peça-chave na criação do Parque Nacional da Serra da Capivara, que abriga o território com o maior número de sítios arqueológicos das Américas.

Reportagem de Marilia Marasciulo para a revista Galileu destaca a história da arqueóloga que encontrou, dentre outras, evidências de que o povoamento do nosso continente pode ser muito mais antigo do que se supõe.

Em 1963, ao visitar uma exposição em Minas Gerais, Niède Guidon tomou conhecimento da existência das pinturas rupestres no Estado do Piauí. Na sequência, ela se transferiu para a França e no ano de 1973, patrocinada pelo governo daquele país, retornou ao Brasil liderando uma missão arqueológica na área onde hoje é o Parque Nacional da Serra da Capivara.

Guidon dedicou cinco décadas de sua vida realizando estudos in loco no Piauí, além de travar uma intensa luta pela preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara.

Uma das descobertas de Niède Guidon abalou o consenso sobre o povoamento das Américas. Até hoje, a teoria predominante é a de que o homem chegou ao continente a partir do Estreito de Bering, entre a Sibéria e o Alasca, há 15 mil anos. Porém, as datações realizadas pela arqueóloga na Serra da Capivara são de um período mais antigo: ossadas humanas de 15 mil anos, pinturas rupestres de 35 mil anos e restos de fogueiras de 48 mil anos.

Em 2020, vencida pelas sequelas da chikungunya que contraiu em 2016, Niède encerrou sua carreira, deixando um inestimável legado para a ciência da arqueologia mundial.