Texto: Estação do Autor com AFP/O Globo
Edição: Scriptum
Nos últimos dias, mais uma vez Elon Musk ganhou destaque na mídia ao anunciar que uma de suas empresas, a Neuralink, havia implantado, na cabeça de uma pessoa, um chip que torna possível controlar um smartphone simplesmente pensando no aparelho. A ideia de inserir um implante cerebral não é nova. Cientistas sabem há décadas que a estimulação elétrica aplicada com precisão pode afetar o modo como o cérebro funciona.
Agora, num caso inédito, a americana Amber Pearson recebeu um implante revolucionário que, além de combater um quadro de epilepsia, trata também o TOC, transtorno obsessivo-compulsivo.
O aparelho foi inicialmente projetado para combater a epilepsia, mas os médicos decidiram incluir uma ação também para o TOC após sugestão da própria paciente, que por conta do transtorno lavava as mãos até sangrar, apavorada com a ideia de se contaminar com objetos do cotidiano. Reportagem da AFP publicada pelo jornal O Globo destaca a eficiência do novo implante, que trata de duas doenças concomitantemente e traz esperança para os aproximadamente 2,5 milhões de norte-americanos com transtorno obsessivo-compulsivo.
A estimulação cerebral profunda já é usada no tratamento da doença de Parkinson e outras condições que afetam os movimentos, incluindo a epilepsia. Já houve estudos sobre o experimento em pessoas com TOC. Entretanto, segundo o neurocirurgião Ahmed Raslan, que realizou o procedimento na Universidade de Ciência e Saúde de Oregon, em Portland, a técnica nunca havia sido combinada com o tratamento da epilepsia. O médico acredita que o avanço só poderia surgir fora do campo científico. Foi a paciente quem sugeriu: “Bem, você vai entrar no meu cérebro e colocar esse fio, e eu tenho TOC, você pode simplesmente colocar um fio para o TOC?”. Felizmente, a ousada sugestão foi levada a sério.