
Baleias jubarte migram das águas mais frias, onde se alimentam, para regiões mais quentes para acasalar e ter seus filhotes.
Edição Scriptum com Estação do Autor e DW
O avistamento mais frequente de baleias jubarte no litoral Norte paulista chama a atenção de cientistas, que tentam entender por que as mais jovens têm permanecido na costa por mais tempo. Atrai também turistas interessados em ‘baleiar’: “é assim que quem navega pelo mar chama o ato de espiar as baleias”, explica Luciana Brondízio, bióloga marinha que é coordenadora de projetos do Instituto Argonauta.
Reportagem de Nádia Pontes para o site DW observa que a mudança no roteiro focado em educação ambiental marinha oferecido pelo instituto no litoral Norte de São Paulo é tão recente quanto a aparição das baleias naquela região. Elas passam por ali a caminho das águas amenas no Sul da Bahia, onde se reproduzem, fugindo do mar congelado no inverno da Antártida. Santa Catarina e Bahia tem projetos semelhantes no trabalho de conscientização e conservação da vida marinha.
Encontradas em quase todos os oceanos, as baleias jubarte migram das águas mais frias, onde se alimentam, para regiões mais quentes para acasalar e ter seus filhotes. No Hemisfério Sul, elas percorrem cerca de 9 mil quilômetros no trajeto de ida e volta da Antártida até o arquipélago de Abrolhos, na Bahia.
As paradas no meio do caminho, que eram mais raras de serem percebidas pelos humanos, ficaram evidentes nas últimas temporadas. Uma das hipóteses estudadas por pesquisadores é uma mudança da ocupação desses animais ao longo de toda a costa. A outra é a deficiência do krill, crustáceo minúsculo do qual as jubarte se alimentam no Polo Sul.
As jubarte sobreviveram ao risco de extinção. Na década de 1980, a população não passava de mil animais pela costa brasileira. Atualmente, estima-se que entre 30 mil e 35 mil se reproduzam na região. “Elas estão voltando a ocupar as antigas áreas que usavam antes de serem ameaçadas de extinção. Antes elas se concentravam no Sul da Bahia, e agora começaram a se dispersar”, explica Sérgio Cipolotti, biólogo e coordenador do Instituto Baleia Jubarte na Bahia.
Em Ubatuba, o turismo em torno desses mamíferos ainda é incipiente. O Instituto Argonauta oferece um roteiro, atua na conservação e executa no litoral paulista o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos.
No litoral de Santa Catarina, a frequente aparição das baleias também desperta o interesse da população e se reflete no trabalho de fiscalização dos órgãos ambientais. “A gente tem se organizado para aumentar a fiscalização, principalmente com o aumento do turismo. É preciso garantir não só a proteção da espécie, mas estabelecer o regramento das atividades”, diz Paulo Maués, superintendente do Ibama em Santa Catarina.