Texto: Estação do Autor com O Globo
Edição: Scriptum
Pela primeira vez, o IBGE mostra o perfil dos brasileiros que trabalham para aplicativos. São 2,1 milhões de pessoas cuja principal fonte de renda depende dessas plataformas. Eles têm jornadas maiores e ganhos menores em relação aos que prestam o mesmo serviço no mercado convencional. Desse total, 1,5 milhão atua como motoristas de serviços de passageiros ou entregadores de comida e produtos. A maioria é formada por homens (81,3%), com escolaridade elevada (61,3% têm ensino médio completo ou superior incompleto) e jovens (48,4% têm entre 25 e 39 anos).
Reportagem de Letícia Lopes e Mayra Castro para o Globo (assinantes) traz mais informações sobre levantamento baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), do IBGE, numa cooperação com a Unicamp e o Ministério Público do Trabalho. No estudo, destaque para a parcela muito pequena de trabalhadores que contribuem para a Previdência. Apenas 35,7% têm essa proteção social, contra 61,3% dos demais brasileiros que atuam no setor privado formal e informal do País.
Segundo a pesquisa, os chamados “plataformizados” já representam 2,4% da força de trabalho brasileira. Mesmo que, na grande maioria dos casos, não sejam estabelecidos vínculos empregatícios formais com as empresas que controlam tais aplicativos, há evidências de certo grau de dependência dos trabalhadores. Entre os motoristas, 63,2% afirmaram que a jornada de trabalho é influenciada por incentivos, bônus ou promoções que mudam os preços, enquanto 42,3% disseram que ameaças de punições ou bloqueios realizados pela plataforma também influenciam. Os dados revelam, portanto, autonomia e controle limitados sobre o exercício do próprio trabalho, sobretudo para os trabalhadores ‘plataformizados’ dos setores de transporte particular de passageiros e de entrega.