O aumento da renda mínima para obtenção de vistos e ampliação do prazo para residência permanente está fazendo com que brasileiros voltem mais cedo para casa.
Edição Scriptum com Estação do Autor e O Globo
Com o pacote anunciado pelo primeiro-ministro Keir Starmer em maio, as regras de imigração do Reino Unido ficaram mais rígidas. O aumento da renda mínima para obtenção de vistos e ampliação do prazo para residência permanente está fazendo com que brasileiros voltem mais cedo para casa. Os mais afetados são estudantes e trabalhadores.
De acordo com reportagem de Emily Nery, publicada no jornal O Globo (assinantes), entre as principais mudanças estão a necessidade de testes de inglês para os requerentes de visto e seus dependentes adultos; a extensão de cinco para dez anos no tempo mínimo necessário para solicitar a residência permanente; e o aumento do salário-base para obtenção do visto de trabalho.
As regras migratórias mais restritivas são apresentadas pelo governo britânico como forma de conter a migração líquida, o número de pessoas que chegam ao Reino Unido menos a quantidade de pessoas que saem. Desde o Brexit, concluído em 2020, a quantidade de imigrantes disparou. Entre 2022 e 2023, o país recebeu mais de 800 mil pessoas, contra médias de 200 mil a 300 mil por ano antes da saída da União Europeia.
Durante a apresentação do pacote, o premier britânico afirmou que o governo iria “retomar o controle das fronteiras” e que, sem as novas regras, o país correria o risco de “se tornar uma ilha de desconhecidos, não uma nação que caminha unida”.
O número de brasileiros que retornaram do Reino Unido subiu de 620, em 2021, para 4.850, em 2024, segundo o Home Office, órgão responsável por imigração e segurança. Isso coloca o Brasil na terceira posição entre as nacionalidades que mais voltaram para os seus países de origem no ano passado, atrás da Índia e da Albânia.
Desde que assumiu, em julho de 2024, o Partido Trabalhista prometeu intensificar o retorno de imigrantes irregulares e transferiu mil funcionários para a fiscalização migratória. Além disso, reforçou o chamado retorno voluntário, sistema que oferece £ 3 mil (cerca de R$ 22 mil) para o imigrante que decide ir embora, além da passagem de avião de volta.
Sob risco de deportação, brasileiros recorrem ao pedido de asilo, o que fez as solicitações aumentarem. Até 2018, o número de requerentes não chegava a 40. No ano passado, atingiu a marca de 2.640, dos quais apenas 19 foram aceitos. Para Nuni Jorgensen, pesquisadora do Observatório de Migração da Universidade de Oxford, grande parte do aumento vem de imigrantes em situação irregular que recorrem ao processo para ficar legalmente no país, já que a lei permite a estada até a decisão final.
