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Cientistas revelam o mundo oculto sob o gelo da Antártida: rios correm para cima

Abaixo do gelo com um quilômetro de espessura há uma paisagem de montanhas e vales íngremes, atravessada por rios sinuosos

Esses rios obedecem não apenas à gravidade, mas também à pressão de esmagamento do gelo sobre a superfície

 

Texto Estação do Autor com National Geographic Brasil

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Embaixo da camada de gelo da Antártida existe um universo surpreendente. Ainda que essa camada gelada do continente se eleve mais de 4 mil metros acima do nível do mar perto de seu centro, as encostas dessa cúpula são imperceptíveis ao olho humano. Abaixo desse gelo de um quilômetro de espessura há uma paisagem de montanhas e vales íngremes, atravessada por rios sinuosos. Esses rios ocultos podem desempenhar um papel decisivo na forma como a camada de gelo responde a um calor sem precedentes.

Reportagem de Douglas Fox para National Geographic Brasil revela detalhes do estudo publicado na revista científica Nature Communications. Foram 20 anos de trabalho para mapear o continente oculto sob as camadas de gelo da Antártida.

A previsão dos cientistas é que, à medida que o manto de gelo derreter e afinar nas próximas décadas, esses rios ocultos crescerão, saltarão suas margens e mudarão para novos caminhos de fluxo, o que pode desestabilizar as grandes geleiras costeiras que controlam a taxa de elevação do nível do mar.

Christine Dow, hidróloga glacial da Universidade de Waterloo, no Canadá, cuja equipe foi coautora do novo estudo, alerta que as mudanças são drásticas e que esses rios em evolução podem fazer com que as geleiras derretam e deslizem mais rapidamente para o oceano. “Estamos subestimando a velocidade com que as coisas vão mudar e a quantidade de perda de gelo que ocorrerá nos próximos 80 anos”, explica ela.

Nas últimas décadas, aviões cruzaram a Antártida usando radares de penetração no gelo e medições precisas da gravidade e dos campos magnéticos. As pesquisas encontraram cadeias de montanhas com quilômetros de altura, vales amplos e cânions profundos. O radar também revelou os reflexos planos e brilhantes de várias centenas de lagos subglaciais abaixo. Esses lagos são alimentados pela água que derrete lentamente da base da camada de gelo.

Os cientistas também perceberam que os rios subglaciais frequentemente fluem para dentro ou para fora dos lagos. Esses rios obedecem não apenas à gravidade, mas também à pressão de esmagamento do gelo sobre a superfície, segundo Anna-Mireilla Hayden, estudante de doutorado em hidrologia glacial que faz parte da equipe. “A água pode, de fato, fluir para cima”, de locais onde o gelo é espesso e a pressão é alta para outros onde o gelo é mais fino e a pressão é mais baixa”, diz.

De acordo com Jamin Greenbaum, geofísico glacial do Scripps Institution of Oceanography, em San Diego, EUA, “provavelmente, estamos subestimando enormemente a quantidade de água lá embaixo”.


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