
Entre 1993 e 2022, o mundo registrou mais de 9.400 desastres climáticos, com um impacto especialmente grave nas nações mais pobres e vulneráveis.
Texto Estação do Autor com Um Só Planeta /Globo
Edição Scriptum
Nas últimas décadas, eventos climáticos extremos, como tempestades, secas, ondas de calor e enchentes, se tornaram parte do “novo normal”, com implicações devastadoras e mudanças irreversíveis para as quais a humanidade ainda precisa se adaptar.
Reportagem de Vanessa Oliveira para o site Um Só Planeta (assinantes) informa que relatórios das mais diferentes instituições de pesquisa buscam estimar os números desses impactos. O mais recente, divulgado pela ONG alemã Germanwatch, revela que nos últimos 30 anos quase 800 mil pessoas perderam suas vidas devido a eventos extremos, enquanto as perdas econômicas somaram impressionantes 4,2 trilhões de dólares ajustados pela inflação.
Entre 1993 e 2022, o mundo registrou mais de 9.400 desastres climáticos, com um impacto especialmente grave nas nações mais pobres e vulneráveis. Esses países, que historicamente menos contribuíram para as mudanças, enfrentam desafios econômicos, sociais e ambientais comuns, muitas vezes por conta do legado colonial.
Segundo o relatório da ONG alemã, países como China, Índia e Filipinas enfrentam constantes episódios de catástrofes, mas nações como Honduras, Mianmar e Vanuatu sofreram consequências ainda mais drásticas. Alguns países que sofrem repetidamente com tempestades intensas e outros desastres já tiveram perdas que superaram várias vezes o valor de seu PIB. Na União Europeia, Itália, Espanha e Grécia figuram entre os dez mais atingidos.
A fase crítica que o mundo enfrenta também se reflete no Brasil, que sediará este ano a COP30, a reunião mais importante do clima da ONU. O relatório destaca, como exemplo, os incêndios devastadores nas florestas brasileiras em 2024, que, segundo o MapBiomas cresceram 79%, superando os 30 milhões de hectares em todo o País, atingindo Amazônia, Cerrado e Pantanal, biomas críticos para o equilíbrio climático.
Além disso, chuvas torrenciais e enchentes desalojaram cerca de 1 milhão de pessoas e levaram a 251 óbitos, sendo a maioria no Rio Grande do Sul. Em 30 anos, eventos climáticos extremos causaram a morte de 137 mil pessoas no país e provocaram perdas de mais de 10 bilhões de reais, segundo o levantamento.
O ano de 2024 já é o mais quente registrado na história. Cientistas alertam para o risco de ultrapassarmos a média de 1,5°C de aquecimento global nos próximos anos, antes do final do século, como previa o Acordo de Paris. Mais do que uma emergência ambiental, o relatório destaca que a crise climática provocada pela queima insaciável de combustíveis fósseis torna-se cada vez mais uma questão de segurança global e as consequências da inação tornarão os custos humanos e econômicos insustentáveis.