Texto: Estação do Autor com O Globo/El País
Edição: Scriptum
É comum pensar em mudanças climáticas castigando ambientes naturais, como florestas, rios e montanhas. Os efeitos do aquecimento global, no entanto, já são sentidos em grandes centros urbanos. Nas megacidades, aquelas com mais de 10 milhões de habitantes, o aumento da temperatura e os fenômenos extremos recorrentes pioraram as condições de vida a ponto de torná-las quase inabitáveis. Por conta disso, países como Indonésia e Egito já estão construindo novas capitais.
Reportagem de Miguel Ángel Medina, Marc Español e Inma Bonet Bailén para o El País (para assinantes) e publicada por O Globo revela detalhes do relatório Ameaças Ecológicas do Instituto de Economia e Paz, que analisa variáveis como acesso à água potável, desastres naturais, crescimento populacional e insegurança alimentar que geram cidades insustentáveis.
Segundo o relatório, as cidades que terão maior crescimento serão as da África Subsariana – altos níveis de poluição ambiental, frágil estrutura de saneamento, condições climáticas extremas, altas taxas de homicídios e ameaças ambientais, são fatores determinantes para saturar uma megacidade. Cairo, no Egito, é uma das capitais com as temperaturas mais altas e maior estresse hídrico do mundo. Jacarta, na Indonésia, sofre com contínuas inundações, ao mesmo tempo que afunda a uma velocidade média de 10 centímetros por ano. É provável que até 2025 esteja totalmente submersa.
Na opinião de Bernhard Barth, da ONU Habitat, o maior causador dessas situações extremas é o aquecimento global. Ele alerta que construir novas cidades também trará prejuízos ambientais. “Há boas razões para dizer que algumas áreas são inseguras para viver, seja pelo calor extremo, pelo aumento do nível do mar ou pelas taxas de inundação do terreno, mas na maioria dos casos o impacto ambiental da construção de uma nova cidade é muito alto em termos de uso do solo ou de materiais de construção”, declara.