Texto: Estação do Autor com BBC News Brasil
Edição: Scriptum
Mesmo sendo um dos países mais pobres da América Latina, a Bolívia controlou a alta dos preços dos alimentos nos últimos 15 anos graças a políticas públicas voltadas para o mercado interno e contra o ciclo inflacionário. Agora, contudo, o alto déficit na balança comercial, similar ao da Argentina, provoca na economia boliviana uma crise que resulta na escassez de dólares, que chegam a ser comprados em lojas do país.
Isso impacta a inflação, cujo índice anual chegou a 5,5% em setembro, patamar elevado para os padrões bolivianos. A situação econômica tem gerado crescente insatisfação entre a população do país, principalmente porque ocorre em meio a disputas políticas internas, agravando as tensões sociais. A reportagem de Vinícius Pereira para BBC News Brasil traz mais informações sobre o assunto.
Desde 2015 a Bolívia acumula seguidos déficits fiscais. A situação piorou a partir de 2023, com a queda da venda do volume de gás, principal item de exportação da Bolívia.
No ano passado, o país precisou recorrer às reservas internacionais para subsidiar o preço dos combustíveis, que é importado. Os subsídios, que vão dos alimentos às empresas que importam diesel e gasolina e custam cerca de US$ 4 bilhões por ano, passaram a pesar na conta, com o governo gastando mais do que arrecada.
“As reservas internacionais bolivianas se reduziram para algo próximo ao nível do colapso”, afirma o economista Jaime Dunn De Avila, mestre em administração de empresas pela Universidade Católica Boliviana. Com a falta de mercadorias e aumento de preços, ficou mais difícil para o país importar até produtos essenciais, como alimentos e remédios, explica.
A população sofre com a escassez de combustíveis, principalmente do diesel. Há também filas para conseguir alimentos básicos subsidiados, como arroz e farelo de trigo.
Além disso, tensões políticas entre Luís Arce e o ex-presidente Evo Morales, ex-aliados que disputam o controle do partido no Movimento ao Socialismo (MAS) e a possibilidade de disputar as eleições no ano que vem, afastaram investidores estrangeiros.