Texto Estação do Autor com Revista Galileu/globo
Edição Scriptum
Em 1832, quando esteve no Brasil, Charles Darwin ficou impressionado com o que viu. Considerado um dos cientistas mais importantes da história por sua teoria evolutiva, ele experimentou diferentes sensações. Ao mesmo tempo em que se encantou com a exuberância da natureza, indignou-se com a crueldade do regime de escravidão vigente à época.
Depois de quase dois meses de viagem a bordo do lendário HMS Beagle, navio no qual passou cinco anos visitando diferentes continentes e coletando informações cruciais para sua teoria, o cientista chegou ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, na costa brasileira.
Reportagem de Marilia Marasciulo para a Revista Galileu (assinantes) destaca impressões de Darwin, registradas em anotações e diários. Entre as curiosidades sobre a empreitada, registrou sua primeira vez sozinho em uma floresta baiana e o contato com uma tempestade tropical. Ao buscar abrigo debaixo de uma árvore com uma copa densa, ficou surpreso ao ver que em poucos minutos “uma pequena cachoeira já descia por seu tronco”. Foi quando, segundo ele, conheceu o verdadeiro significado da chuva. Darwin ficou encantado também com a beleza das flores, a fertilidade do solo e semelhanças entre espécimes tropicais e europeias.
Em Pernambuco, ao mesmo tempo em que se chocou com a sujeira da capital, considerou curioso o recife que forma o porto da cidade. “Duvido que no mundo todo exista outra estrutura natural de aparência tão artificial”, escreveu. Já sua passagem por Salvador coincidiu com o carnaval. O criador da Teoria da Evolução não gostou da tradicional festa brasileira. Na época, era comum entre os foliões atirar bexigas cheias d’água e farinha. “Difícil manter a dignidade”, registrou.