Texto: Estação do Autor com BBC News
Edição: Scriptum
Buscando metano na Bacia de Lorraine, no Nordeste da França, a equipe do geólogo Jacques Pironon fez uma descoberta inesperada: um grande depósito de hidrogênio a cerca de 3.000 metros de profundidade. Para muitos, o elemento químico será um combustível essencial no futuro. A ideia é que, talvez, ele seja a chave para levar a economia global a zerar suas emissões de gases poluentes, uma vez que o hidrogênio não produz CO2 quando utilizado como combustível ou em processos industriais.
Em entrevista para a BBC News, Pironon, que é diretor de pesquisa do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) da França, na Universidade de Lorraine, creditou o sucesso da descoberta a um “golpe de sorte”.
Apesar da boa notícia, o hidrogênio tem uma desvantagem. Neste momento, a maioria das formas de produção não são verdes. Existem vários tipos de hidrogênio, classificados por cores. O cinza é produzido pela divisão do metano em dióxido de carbono e hidrogênio (H2). O azul é produzido da mesma forma, mas o CO2 é capturado e armazenado. Já o negro é produzido pela queima parcial do carvão. E, por fim, o raro hidrogênio verde, criado a partir da eletrólise da água em oxigênio e hidrogênio. Esse último relativamente caro e escasso.
Conhecidos como hidrogênio natural, dourado ou branco, os depósitos naturais podem ser uma fonte importante. A descoberta francesa não é inédita. Existe um pequeno poço em Bourakébougou, no oeste do Mali, e acredita-se também que existam grandes depósitos nos EUA, Austrália, Rússia e vários países europeus. O geólogo pesquisador do USGS, Geoffrey Ellis, alerta que a exploração do elemento químico não será fácil. Um problema, diz ele, é que atualmente há falta de mercado para o hidrogênio nos EUA, reduzindo o incentivo à exploração. “Portanto, há uma espécie de problema do ovo e da galinha: os mercados não se desenvolvem realmente até verem a oferta, e a oferta não será realmente desenvolvida até que se veja o mercado”, complementa.