
Idosos são atendidos pelas doulas do fim da vida
Texto Estação do Autor com DW
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A palavra doula, de origem grega, significa “mulher que serve” e refere-se a uma profissional que oferece suporte emocional, físico e informativo. É relacionada à gestante e à chegada de uma nova vida. Mas também existem profissionais que se dedicam a suavizar o momento da despedida. São as chamadas doulas do fim da vida ou doulas da morte.
Reportagem de Simone Machado para o site DW mostra como trabalham essas profissionais que ainda são pouco conhecidas no Brasil. Elas atuam no momento da morte, com o mesmo cuidado e presença que as doulas do parto oferecem para as mães no período da gravidez, parto e pós-parto. As doulas do fim da vida acompanham pessoas em estágio terminal, muitas vezes com doenças graves ou em idade avançada, oferecendo suporte emocional, espiritual e prático.
Embora muitas tenham formação em enfermagem ou na área da saúde, elas não têm essa função na vida do paciente e não substituem médicos, enfermeiros ou equipes de cuidados paliativos. Enquanto os cuidados paliativos oferecidos por membros da área da saúde se concentram nas necessidades físicas e médicas, o papel das doulas é complementar os cuidados com foco no acolhimento e bem-estar.
A doula de fim da vida atua em três fases que envolvem a morte. Na fase pré-morte, quando o paciente desenvolve uma doença sem cura, ajuda paciente e familiares a lidarem com medo, dor e luto antecipado, além de ajudarem a humanizar o momento. Na segunda fase, que é a da morte propriamente dita, acompanham o processo ativo e irreversível do fim de vida, marcado por mudanças físicas, psíquicas, sociais e espirituais. Por fim, na fase pós-morte, ajuda a preparar o corpo, higienizando-o (se autorizado), organizando velório e sepultamento, além de oferecer apoio à família durante o luto.
“A importância da doula é que o paciente recebe um cuidado mais qualificado, que o ajuda a entender a finitude e que aquele momento vai se aproximar. Quanto mais você prepara o paciente e a família, mais qualidade de vida esse paciente tem. Então, você acaba dando muito mais peso para a própria vida do que necessariamente para a doença ou a morte em si, diminuindo o sofrimento”, diz Érika Lara, médica de família e paliativista, diretora de comunicação da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP).