
Pesquisadores descobrem cerca de 100 novas espécies em expedição ao fundo do mar na Nova Zelândia
Texto Estação do Autor com The New York Times/O Globo
Edição Scriptum
Para determinar até onde os olhos humanos alcançaram o fundo do mar, pesquisadores coletaram mais de 43.000 registros de mergulhos avaliando fotos e vídeos. O resultado indica que foram documentados visualmente cerca de 3.800 quilômetros quadrados, ou apenas 0,001% das profundezas do mar. O relatório divulgado pela revista Science Advances chega no momento em que diversos países debatem se devem ou não iniciar a mineração industrial do leito marinho em busca de minerais críticos.
Em reportagem de The New York Times publicada no jornal O Globo (assinantes) cientistas alertam serem necessárias mais pesquisas sobre o mundo submarino para realizar atividades extrativas com responsabilidade.
Katy Croff Bell, exploradora dos oceanos profundos que liderou a pesquisa e fundadora da Ocean Discovery League, organização que promove a exploração do leito marinho, acredita que aprender mais sobre o mar profundo é essencial para entender como as mudanças climáticas e as atividades humanas estão afetando os oceanos.
A era da documentação visual incluída no estudo começou em 1958, com o submersível de águas profundas Trieste. As imagens coletadas desde então permitiram que biólogos descobrissem novos organismos e observassem como interagem entre si e com os ambientes, oferecendo insights sobre os ecossistemas oceânicos. Obter imagens do fundo marinho também ajuda os geólogos.
Ver afloramentos rochosos em fotos e vídeos permitiu aos cientistas aprender como funcionam processos fundamentais da Terra. Isso também ajuda empresas a avaliar locais potenciais para mineração e atividades de petróleo e gás.
Mas alcançar o fundo do mar é caro e leva tempo. Explorar um único quilômetro quadrado de fundo marinho profundo pode custar de US$ 2 milhões a US$ 20 milhões, estima Bell. As missões podem levar anos para serem preparadas e apenas horas para darem errado. E uma vez iniciado o mergulho, o progresso é lento. Um robô subaquático conectado a um navio tem raio de exploração limitado, movendo-se lentamente, e reposicionar o navio é uma tarefa trabalhosa.
O estudo também descobriu que países de alta renda lideraram 99,7% de todos os mergulhos em águas profundas, com os Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia no topo da lista. A maioria dos mergulhos ocorreu dentro de 200 milhas náuticas desses três países. Isso significa que um pequeno grupo de nações lidera os mergulhos, o que pode influenciar o que é pesquisado e onde, afirmam os autores.