Texto: Estação do Autor com Folha de S.Paulo
Edição: Scriptum
A conta chegou. E não foi por falta de aviso. Não é de hoje que a crise climática representa uma grave ameaça à humanidade.
Em Dubai, num ano que quebra recordes de temperatura e pode ser o mais quente da história, todos os olhos estão voltados para a COP28, cúpula da ONU para mudança do clima. A humanidade enfrenta um risco “sem precedentes” de atingir pontos de inflexão que podem desencadear um efeito dominó de catástrofes planetárias irreversíveis. O alerta está no “Relatório de Pontos de Inflexão Globais”, documento recém-divulgado na conferência.
Reportagem de Daniel Lawler para Folha de S.Paulo (assinantes) mostra um cenário assustador do planeta sendo fustigado por desastres ambientais com danos irreversíveis. O relatório identifica 26 pontos de não retorno. Vários elementos impactam e desestabilizam os sistemas em risco, como o desmatamento. Porém, para os cientistas, a crise climática é determinante.
O colapso de alguns sistemas já pode ser sentido, como no caso dos recifes de coral de águas quentes. Não está descartado o colapso de outros quatro sistemas: as calotas de gelo da Groenlândia e da Antártida Ocidental, a corrente do Giro do Atlântico Norte e partes do permafrost, que são as camadas de terra congeladas.
Os recentes incêndios florestais na Amazônia e nas florestas boreais do Canadá são um indicativo de que esses sistemas também estão em risco mais imediato do que se pensava.
Apesar da gravidade, o estudo detalha uma série ações que poderiam minimizar o problema, como o desenvolvimento de veículos elétricos, energias renováveis e a adoção de dietas vegetarianas. Por outro lado, um dos autores do relatório, Manjana Milkoreit, da Universidade de Oslo, apontou que “nosso sistema de governança global não é adequado para lidar com as ameaças que estão por vir e para implementar as soluções urgentemente necessárias”.