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Indígenas viram professores em programa nacional

Integrantes da etnia warao participam do programa Brasil Alfabetizado, no Pará, dando aulas em três idiomas a 90 jovens, adultos e idosos

Em 2024, cerca de 180 crianças e jovens e outros 90 adultos Warao estavam matriculados nas redes municipais de Belém, Ananindeua e Benevides

 

 

 

Edição Scriptum com Estação do Autor e CicloVivo

Os indígenas WARAO, que migraram para a Região Metropolitana de Belém, no Pará, se transformam em professores no Programa Brasil Alfabetizado. Uma educação que valoriza raízes sem deixar de apontar para o futuro em um novo território foi a demanda que mobilizou essa comunidade. O esforço, articulado pelo Conselho Warao Ojiduna (CWO), uma das primeiras organizações formadas em contexto de deslocamento forçado no Brasil, resultou na inclusão de seis alfabetizadores no programa, iniciativa pioneira no País.

Reportagem publicada no site CicloVivo detalha o plano educacional baseado em escutas feitas em comunidades de Belém e Ananindeua, que consolidou as principais reivindicações desse povo e possibilitou a contratação inédita. O caminho foi aberto pelo documento “Karata Inamina Isia – Premissas para elaboração de um Plano de Educação Indígena Warao”, produzido pelo CWO com apoio do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

No Pará, o Brasil Alfabetizado é executado pela Secretaria de Estado de Educação e oferece aulas em três línguas, Warao, espanhol e português, a 90 jovens, adultos e idosos em Outeiro, Tapanã e Ananindeua.

Dados do Conselho Warao Ojiduna mostram que, em 2024, cerca de 180 crianças e jovens e outros 90 adultos Warao estavam matriculados nas redes municipais de Belém, Ananindeua e Benevides. Josefina Jimenez, integrante do CWO e uma das alfabetizadoras contratadas vê o atual programa como parte de um projeto maior. “Queremos que os jovens de hoje possam chegar à universidade e, no futuro, apoiar outros irmãos Warao. E sempre ensinando nossa cultura e costumes, porque por nada no mundo deixaremos nossa cultura”, declara.

A chegada dos Warao a Belém começou em 2017 impulsionada pela crise na Venezuela. Desde então, lideranças têm pressionado o poder público por direitos básicos. Em 2022, nasceu o CWO, fruto do projeto “Povos das Águas: Waraotuma Kokotuka Saba”, do IEB, com apoio do ACNUR. Em 2024, o Conselho lançou o Obonoya Kotai Saba (Plano de Ação do CWO), que inclui o Protocolo de Saúde Warao e o Plano de Educação.

Entre as reivindicações centrais do documento está a criação de uma escola indígena própria, com transporte escolar e merenda diferenciada, preparada por cozinheiras Warao. A proposta também prevê um currículo que incorpore saberes tradicionais: história, cantos e bailes ancestrais, ciências da natureza, artesanato e práticas corporais próprias.

Antropóloga e analista socioambiental do IEB, Clémentine Maréchal entende que o avanço precisa se tornar política pública. É um primeiro passo fundamental rumo à educação diferenciada para o povo Warao, com a contratação de alfabetizadores dessa etnia para atuar em suas comunidades, usando seus idiomas e métodos.


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