Pesquisar

tempo de leitura: 2 min salvar no browser

{ NÃO DEIXE DE LER }

Novo Brasil, o destino dos colonos frustrados em Luxemburgo

Na primeira metade do século 19, famílias foram impedidas de imigrar para o Brasil por ordem expressa de D. Pedro I  

Os “brasileiros”, como seriam chamados os migrantes, sofreram com a pobreza e um estigma de surrupiadores de batatas e roupas nos porões e varais alheios.

 

Edição Scriptum com Estação do Autor e DW

 

Em 1828, algumas famílias rurais do Grão-Ducado de Luxemburgo se desfizeram de tudo que tinham para emigrar para o Brasil. O sonho foi interrompido por uma ordem de D. Pedro I. Frustrados, os agricultores foram reassentados em Luxemburgo num pedaço árido elevado e inóspito, onde levariam vidas ainda mais difíceis do que às que tinham renunciado. O povoado que ali surgiu seria conhecido como Novo Brasil (Nei Brasilien).

A partir de depoimentos e registros, reportagem de Heloísa Traiano e Maurício Cancilieri para a DW revela a história desse grupo que teve sua entrada no Brasil barrada por D. Pedro I. Em carta divulgada em 22 de janeiro, o monarca proibia o ingresso de estrangeiros porque o País já recebera gente demais.

Os “brasileiros”, como seriam chamados os migrantes, sofreram com a pobreza e um estigma de surrupiadores de batatas e roupas nos porões e varais alheios. “Eles eram mendigos na vizinhança. Eram mal vistos como imigrantes, como refugiados, que se estabeleceram aqui e que não tinham dinheiro nem nada mais”, conta Christiane Thommes-Bach, vereadora em Groussbus-Wal e uma espécie de guardiã da história.

O Novo Brasil manteria o nome até 1957, quando passou a se chamar Grevels. A rua principal do minúsculo vilarejo hoje exibe o Centro Cultural Novo Brasil. Numa capela católica, ilustrações na parede e cartilhas informativas retratam a fundação do povoado ao lado de um pequeno cemitério onde jazem algumas das famílias pioneiras. A comuna de Groussbus-Wal, que inclui Grevels, tem treze brasileiros dentre 2,3 mil habitantes.

O trabalho de alguns estudiosos ou curiosos e documentos guardados pelos Arquivos Nacionais de Luxemburgo também reconstroem os fatos de 1828. No Brasil, a história chegou apenas em 2024, com o lançamento de um romance de Guy Helminger. O escritor luxemburguês que investigou a história para o seu livro Novo Brasil (editora Bestiário) relata que ninguém mais queria essas pessoas. Havia outras nas suas casas, e eles haviam perdido a nacionalidade, pois era necessário desistir dela se quisessem emigrar.

Uma estimativa do historiador Claude Wey dá conta de 2,5 mil agricultores que em 1828 viajaram ao Brasil, com destino a Santa Catarina, o equivalente a 1,8% da população de Luxemburgo à época. Hoje, o Brasil é o país estrangeiro com segundo maior número de cidadãos luxemburgueses: 28 mil pessoas, atrás apenas da França, onde há 33 mil.


ˇ

Atenção!

Esta versão de navegador foi descontinuada e por isso não oferece suporte a todas as funcionalidades deste site.

Nós recomendamos a utilização dos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox ou Microsoft Edge.

Agradecemos a sua compreensão!