Texto Estação do Autor com O Globo
Edição Scriptum
“O que te levou até onde você está, na primeira metade da vida, não é o que vai te levar até onde você quer ir de agora em diante”. A afirmação é de Arthur C. Brooks, professor de práticas de liderança e de gestão da Harvard Kennedy School, nos Estados Unidos, que tem uma leitura própria sobre o caminho para o sucesso após os 40 anos. De acordo com sua análise, a jornada terá que ser baseada em habilidades que os mais jovens, na casa dos 20 ou 30 anos, ainda não possuem.
Em entrevista concedida a Mariana Rosário para o jornal GLOBO (assinantes) Arthur C. Brooks fala sobre as ideias centrais de seu novo livro, Cada vez mais forte, que acaba de chegar ao Brasil pela Editora Intrínseca. Entre os temas abordados estão etarismo, sucesso, a inteligência na maturidade e a busca pela felicidade ao longo da vida.
Brooks observa que, a partir dos 40 anos, depura-se o faro para identificar boas ideias e tino para compartilhar conhecimento. Por outro lado, é preciso entender que as habilidades de criar soluções a cada minuto e de aprender em velocidade recorde irão, aos poucos, se esvair. Segundo ele, é preciso aceitar essa mudança e ajustar os meios para chegar mais longe.
O professor identifica duas inteligências: a fluida e a cristalizada. A primeira diz respeito a facilidade em resolver problemas, além da capacidade rápida de inovação e da ampla memória temporária. A inteligência fluida atinge sua maior potência aos 30 anos e depois se reduz. Desse ponto em diante, as pessoas começam a entrar em pânico, abrindo caminho para o burnout e para a infelicidade. Porém, há uma perspectiva positiva por trás disso, que é justamente a inteligência cristalizada. Esse tipo de capacidade não requer memória temporária, mas o reconhecimento de padrões. É a habilidade de reconhecer boas ideias ao encontrá-las e usar seu volume de conhecimento como um tipo de sabedoria, explica.
No livro, Arthur C. Brooks aborda também alguns pontos que podem ser controlados baseados em pesquisas sobre o tema envelhecer. O autor explica que existem mecanismos físicos e comportamentais para que possamos cuidar de nós mesmos. No primeiro caso prevalece o cuidado com a saúde, como uma dieta saudável, exercícios, não fumar e evitar a bebida. No que diz respeito ao comportamento, destaca a necessidade de ser bom em resolver seus problemas e ser um aprendiz. “Tente aprender algo novo todos os dias. As pessoas mais saudáveis e felizes aprendem ao longo de todo o curso da vida”, conclui.