Texto: Estação do Autor com Folha de S.Paulo
Edição: Scriptum
Apontado como o “pai da bomba atômica”, o físico americano Robert Oppenheimer, lutou em outras frentes. Ele defendia negociações internacionais que limitassem a produção da bomba, direcionando a energia atômica para fins pacíficos, como a medicina e a produção de eletricidade.
Oppenheimer foi chefe do laboratório de Los Alamos (Novo México), que produziu em 1945 as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Mesmo parecendo incoerente, em 1948 o cientista escreveu um longo texto para a publicação Foreign Affairs, na qual explicava suas posições pacifistas. Artigo de João Batista Natali para a Folha de S.Paulo trata sobre os conflitos e tentativas do físico, formado em Harvard, de fazer valer suas convicções.
Hoje, em destaque como personagem central do filme homônimo dirigido por Christopher Nolan, o icônico artigo de Oppenheimer foi republicado recentemente pela revista diplomática americana. Nele, o físico se opunha, por exemplo, à bomba de hidrogênio, que os Estados Unidos construíram para se contrapor à bomba nuclear que a União Soviética havia detonado em 1949. O desejo do físico era que a ONU se tornasse um centro de compartilhamento de informações sobre a energia atômica. Para ele, essa seria uma forma de impedir que existissem segredos, possibilitando que todos se beneficiassem, para fins pacifistas, da pesquisa realizada na área.
Mesmo não se arrependendo de ter criado as duas bombas que mataram 110 mil japoneses imediatamente, ele tampouco se orgulhava de seu papel fundamental no Projeto Manhattan, programa que transformou o átomo em arma de destruição em massa. Com o fim da Segunda Guerra, nasceu a Guerra Fria, responsável por codificar diplomaticamente o medo. Até o início dos anos 1990, nenhuma das potências nucleares explodiu uma só bomba e as guerras foram todas circunscritas geograficamente e disputadas com armas convencionais. Contando sempre com o respeito internacional e sem perder sua reputação acadêmica, Oppenheimer terminou seus dias como professor da Universidade de Princeton.
Autoria J. Robert Oppenheimer
Editora Foreign Affairs (publicado originalmente em 1.jan.1948)