Texto Estação do Autor com Estadão/GZH
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Três jovens pesquisadores utilizaram Inteligência Artificial (IA) para decifrar um lote de pergaminhos em papiro de quase dois mil anos. A descoberta do material, carbonizado e deteriorado com os séculos, pode destravar lacunas que a arqueologia e historiografia não conseguiram.
Reportagem do Estadão publicada no site GZH revela que, em leitura preliminar, os rascunhos indicam se tratar de um texto do filósofo e poeta Filodermo de Gadana (110-35 a.C.). Em declaração ao jornal The Guardian, a papirologista Federica Nicolardi, da Universidade de Nápole Federico II, afirma que “este é o início de uma revolução na papirologia de Herculano e na filosofia grega em geral. É a única biblioteca que chegou até nós da antiga Época Romana”.
Os cientistas Youssef Nader (Alemanha), Luke Farritor (Estados Unidos) e Julian Schillinger (Suíça), foram os vencedores do Desafio do Vesúvio. A premiação foi criada pelo cientista computacional Brent Seales, da Universidade do Kentucky, e por apoiadores no Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. Lançada ano passado, o objetivo da iniciativa foi chamar cientistas para desenvolverem algoritmos para escanear pergaminhos em papiro e transformá-los em imagens em alta resolução por meio de tomografia computadorizada.
O material decifrado era mantido em uma luxuosa vila romana em Herculano e foi queimado no ano de 79 depois de Cristo, quando o Vesúvio devastou Pompeia e levou cinzas às cidades vizinhas. Escavações do século 18 recuperaram mais de mil pergaminhos do lote. Até então, o conteúdo dos pergaminhos estava oculto devido à carbonização do material.
O cientista Brent Seales explica que o próximo passo é a construção do escâner de tomografia computadorizada portátil, além de treinar algoritmos de IA para realizar o trabalho.