Texto: Estação do Autor com Folha de S.Paulo
Edição: Scriptum
Nem tudo o que é bom é saudável. Estudo inédito realizado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) em parceria com o Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP) analisou os dados de quase 10 mil itens de alimentos ultraprocessados, comercializados em São Paulo e Salvador. Entre biscoitos, embutidos, bolos, doces, refrigerantes, chocolates, alimentos congelados (como pizzas e lasanha), bebidas lácteas, sorvetes e molhos industrializados, 97,1% deles tinham sódio, gordura ou açúcar adicionados em excesso.
Reportagem de Ana Botallo para a Folha de S.Paulo (assinantes) detalha a pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, alertando para os alimentos com alto teor de gordura, sódio e açúcar ou que contêm substâncias químicas prejudiciais à saúde.
Em relação aos aditivos químicos, o trabalho encontrou ainda dois tipos: os cosméticos, como aromas e sabores artificiais, cores e outros aditivos para melhorar a aparência, forma ou odor; e os não cosméticos, como os conservantes e estabilizantes utilizados para garantir a segurança sanitária do alimento.
Segundo Daniela Canella, pesquisadora da UERJ e primeira autora do estudo, o resultado não foi bem aceito por alguns setores, principalmente o da indústria alimentícia. Para eles, há uma falta de precisão e robustez na classificação que ajude a fornecer dados para políticas públicas em saúde no país. “Isso não é verdade, e esse estudo demonstrou que a classificação não só é robusta como, de fato, 98,8% dos alimentos classificados como ultraprocessados têm alto teor de algum nutriente crítico ou de algum aditivo cosmético”, rebate Canella.