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Planta marinha é biomaterial de construção sustentável

Na ilha de Laeso, na Dinamarca, telhados são feitos de zostera, que remove dióxido de carbono da atmosfera numa velocidade 35 vezes maior do que uma floresta tropical

Casa de Laeso, na Dinamarca, coberta com a planta sustentável chamada zostera 

Texto Estação do Autor com Um Só Planeta

Edição Scriptum

Localizada a 20 km da costa nordeste da Dinamarca, a pouco habitada ilha de Laeso se destaca pela paisagem idílica de suas casinhas com coberturas que parecem cogumelos. Na verdade, os telhados são feitos com uma planta marinha chamada zostera. Reportagem de Maria Silvia Ferraz para Um Só Planeta mostra que, além de fundamental para a saúde dos oceanos, a planta é um biomaterial sustentável para uso na construção. Totalmente natural, a planta marinha mantém o dióxido de carbono fora da atmosfera ao contrário do que costuma ocorrer na construção civil convencional, responsável por 37% das emissões de gases de efeito estufa, segundo o United Nations Environment Program.

Uma área de oceano com zostera remove dióxido de carbono da atmosfera numa velocidade 35 vezes maior do que uma floresta tropical, de acordo com a U.S. Environmental Protection Agency (EPA). A planta absorve minerais e nitrogênio, filtrando a água, criando o habitat ideal para animais marinhos, fornecendo alimento e evitando a erosão.

Quando a população de Laeso recolhe as folhas da planta marinha arrancadas pelo vento, as coloca para secar e manualmente faz rolos, que depois são levados para cima das casas, formando o telhado sobre uma estrutura de madeira. As coberturas oferecem conforto térmico, são resistentes a água e fogo e não apodrecem. A durabilidade dos telhados de zostera de Laeso é de cerca de 350 anos, contra 40 ou 50 de um telhado de palha comum.

A técnica construtiva data do século 17. Na construção civil, foi muito usada dentro das paredes para manter o conforto térmico em regiões frias. E também como isolante acústico. Há zostera nas estruturas de edifícios famosos de Nova York, como o Radio City Music Hall e o Rockefeller Center.

A quantidade de plantas marinhas declinou em 29% desde o século 18, segundo artigo publicado na Nature. Ainda que a zostera siga abundante em regiões como Dinamarca, Alasca, Califórnia e México, ela tem desaparecido em outras. Na Dinamarca, há leis de proteção ambiental da zostera e sua utilização deve ser moderada e responsável, sem coleta predatória.


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