Texto: Estação do Autor com Agência Brasil
Edição: Scriptum
O número de médicos no Brasil disparou nas últimas décadas. São 575.93 profissionais ativos, uma proporção de 2,81 médicos por mil habitantes, a maior já registrada no País. As informações constam na Demografia Médica CFM – Dados oficiais sobre o perfil dos médicos brasileiros 2024, divulgada pelo Conselho Federal de Medicina.
Desde o início da década de 1990, o número de médicos mais que quadruplicou, passando de 131.278 para a quantidade atual. No mesmo período, a população brasileira aumentou 42%, passando de 144 milhões para 205 milhões, segundo o IBGE.
A proporção equivale a oito vezes superior à população em geral. O Brasil tem hoje taxa semelhante à do Canadá e supera Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e México.
Reportagem de Paula Laboissière para a Agência Brasil mostra que um dos motivos foi a proliferação de faculdades de medicina. Atualmente, são 389 escolas médicas espalhadas pelo território nacional, o segundo maior índice no mundo, atrás apenas da Índia.
O supervisor do estudo e conselheiro do CFM Donizetti Giamberardino expõe a preocupação do conselho quanto à velocidade de abertura de novos cursos, além do aumento das vagas em escolas já existentes. “A abertura de vagas em escolas médicas é algo de interesse público e deve acontecer por necessidade social”, afirma.
O estudo mostra que o aumento de médicos ao longo das últimas décadas não resultou em distribuição igualitária pelo país. Apesar do crescimento no contingente
de médicos brasileiros, o CFM considera que ainda há um cenário de desigualdade na distribuição, fixação e acesso aos profissionais. A maioria prefere se instalar nos Estados do Sul, Sudeste e nas capitais. Enquanto isso, os que vivem no Norte, Nordeste e em municípios mais pobres sofrem com a falta de investimentos em saúde, vínculos precários de emprego e ausência de perspectivas.
No Sudeste, a proporção é superior à média nacional, com 3,76 médicos para atender mil habitantes. Ou seja, 51% do total de profissionais no Brasil estão na região que concentra 41% da população brasileira. “O número de médicos é razoável, mas ainda é mal distribuído. Se nós crescermos sem uma política de fixação, isso vai aumentar a desigualdade”, ressaltou Giamberardino.