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Sem trabalho no Brasil, cientista devolve valor de bolsa ao governo para seguir no exterior

Para muitos, é mais vantajoso negociar ressarcimento do incentivo governamental e seguir seus estudos e carreiras longe de casa

Pesquisa mostra que 8% dos pesquisadores brasileiros que estudam no exterior preferem não retornar

 

Texto: Estação do Autor com O Globo

Edição: Scriptum

 

Sem perspectivas profissionais, pesquisadores bolsistas estão trocando o Brasil por países que oferecem melhores oportunidades. Um dos motivos determinantes é a falta de investimentos em ciência no País. Para muitos é mais vantajoso negociar ressarcimento do incentivo governamental e seguir seus estudos e carreiras longe de casa.

Reportagem de Bruno Alfano para O Globo (assinantes) mostra que 8% dos pesquisadores brasileiros que estudam no exterior preferem não retornar. A porcentagem vem da pesquisa do grupo Brasileiros pelo Avanço e Internacionalização do Conhecimento (Brain), que ouviu 580 cientistas.

Mesmo que alguns se disponham a devolver o dinheiro investido em suas carreiras, os pesquisadores se queixam das condições. Uma das dificuldades é o valor do câmbio utilizando como referência, o dólar atualizado. Um bolsista declara que desembarcou no exterior com o dólar a R$ 2 e hoje tem que pagar a dívida com ele a R$ 5. Outra reclamação diz respeito às agências de fomento. A Capes divide a dívida em 5 anos e o CNPq, em 10, sem que o pesquisador possa escolher uma ou outra.

Para Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), cientistas brasileiros podem contribuir muito para o desenvolvimento da ciência nacional mesmo a partir de outros países, devolvendo o dinheiro investido neles. “Conheço muitos que tinham condição de não trabalhar, vieram para o Brasil e ficaram o tempo necessário sem conseguir nada, voltaram para o exterior e agora estão se destacando. É uma pena”, lamenta Nader.


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