Texto: Estação do Autor com DW
Edição: Scriptum
Ao longo da história, as jornadas de trabalho foram se adaptando às mudanças sociais e tecnológicas. Houve um tempo em que se trabalhava de 10 a 12 horas por dia. Hoje, vários países da Europa, Estados Unidos e Japão vêm experimentando a semana de quatro dias, defendida por uns e questionada por outros.
Um dos formatos adotados distribui as horas trabalhadas por quatro dias e não mais cinco. São jornadas diárias de dez horas. O segundo modelo segue o princípio “100-80-100”. Ou seja, 100% do trabalho em 80% do tempo por 100% do salário. Reportagem de Silia Thoms para o site DW apresenta vantagens e desvantagens do novo sistema.
Países que desenvolvem projetos-pilotos da jornada reduzida têm tido uma experiência positiva. Em 2023, um estudo britânico envolveu 61 empresas e cerca de 2.900 empregados. Os funcionários se mostraram menos estressados e apresentavam risco menor de afecções psíquicas como o burnout (esgotamento profissional). A maioria afirmou que preferia manter a semana de quatro dias em caráter definitivo. Essa nova jornada interfere também na igualdade de gênero. A psicóloga Hannah Schade, do Instituto Leibniz Pesquisa sobre o Trabalho, da Universidade Técnica de Dortmund, na Alemanha, ressalta que, nesse regime, os homens se ocupam mais das tarefas domésticas, como o cuidado dos filhos, por exemplo.
Holger Schäfer, do Instituto da Economia Alemã, está entre os economistas que veem a proposta com ceticismo. Para ele, não está claro como se pode medir a produtividade. Entre prós e contras, a psicóloga Schade considera que o sistema precisa ser avaliado por um período mais longo. Ela alerta que mudanças geram riscos que desencadeiam medos. Entretanto, os números já demonstram que a proposta da semana de quatro dias ganha cada vez mais adeptos. Em pesquisa recente, realizada na Alemanha, mais de três quartos das pessoas entrevistadas se pronunciaram pela adoção da jornada semanal em suas empresas, sobretudo os com idade inferior aos 40 anos.