Redação Scriptum
A nova edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), foi analisada pelos consultores do Espaço Democrático – fundação do PSD para estudos e formação política – na reunião semanal desta terça-feira (25). O anuário, que se baseia em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, polícias civis, militares, federal e outras fontes oficiais do setor, pode ser acessado aqui.
Ao falar sobre o tema, o sociólogo especializado em segurança pública Tulio Kahn, um dos participantes da criação do anuário, que já está em sua 17ª edição, destacou algumas boas notícias trazidas pelo estudo, mas lamentou a escassez de dados disponíveis, que impede um melhor conhecimento da realidade da violência no País.
Kahn ressaltou, por exemplo, a indicação, pelo relatório, de que o número de mortes violentas intencionais (homicídios, latrocínios e confrontos com a polícia) continua em processo de queda desde 2018 (passando de cerca de 64 mil mortes por ano em 2018 para 47,5 mil em 2022). “Essa é a boa notícia, embora as causas dessa queda ainda sejam pouco conhecidas”, disse.
O sociólogo também destacou os dados sobre estupros no País, que vêm crescendo desde 2011, chegando a 75 mil em 2022. Para ele, esse número ainda está subestimado, dada a histórica subnotificação de casos no Brasil. “Suspeito que esse número represente apenas 10% das agressões sexuais que realmente ocorrem”, afirmou, lembrando que também não se sabe as causas do aumento observado. “Não se sabe se há um aumento de casos ou apenas das notificações, estimuladas pela elevação do grau de consciência da sociedade sobre a gravidade do problema”, explicou.
Por sua vez, o consultor na área de saúde Januario Montone comentou na reunião o relatório “Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2022”, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO. Os números para o Brasil foram coletados no período de 2019 a 2021 e revelam que 61,3 milhões de brasileiros enfrentaram algum grau de insegurança alimentar. O texto pode ser acessado aqui.
De acordo com Montone, a forma pela qual os dados do relatório foram divulgados pela mídia deixou muita gente assustada, induzindo à confusão e favorecendo a manipulação dos dados com objetivos políticos. “Trata-se de um trabalho técnico e muito sólido, mas pecou um pouco na divulgação, pois há toda uma gradação sobre o que é fome e insegurança alimentar”, disse, lembrando que um estudo dessa envergadura exige uma leitura cuidadosa.
Além de Tulio Kahn e Januario Montone, participaram da reunião desta semana os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, os economista Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, o médico e filósofo Antônio Roberto Batista, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, e os jornalistas Marcos Garcia e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da Fundação Espaço Democrático.