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Casos de dengue podem bater recorde no Brasil este ano

Januario Montone, consultor na área de saúde, atribui resultado à falta de prevenção no ano anterior

Este é o terceiro ano consecutivo de surtos de dengue no Brasil; Montone lembra que o número de casos de um ano é retrato de como foi a prevenção no ano anterior.

 

Redação Scriptum

 

O Brasil pode bater em 2024 o recorde de casos de dengue registrado em 2015. O alerta foi feito nesta terça-feira (27) pelo gestor público e consultor na área de saúde Januario Montone. Em análise do cenário atual feita na reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD –, Montone, que foi presidente da ANS e da Funasa, diretor da Anvisa e secretário municipal de Saúde de São Paulo na gestão de Gilberto Kassab, apontou que nove anos atrás o Brasil teve a notificação de 1.709.141 casos, enquanto em 2024, em apenas nove semanas, já são 920.427 casos prováveis, com 184 mortes confirmadas e outras 609 em investigação.

Historicamente, o pico do contágio acontece entre os meses de março e abril. Este ano, entre janeiro e fevereiro já temos mais casos. “Houve um crescimento atípico para janeiro”, diz Montone. “Se projetarmos esses números com base no perfil histórico de pico para os meses de março e abril poderemos chegar a quatro ou cinco milhões de casos”, afirmou. O especialista fez ainda uma outra projeção, usando como referência a menor taxa de letalidade dos últimos dez anos, de 0,049, registrada em 2016. De acordo com esses cálculos o Brasil poderia ter, se chegar aos quatro ou cinco milhões de casos, 2.200 mortes.

Os números mais recentes mostrados por ele revelam que a situação é bastante crítica, hoje, no Distrito Federal e nos Estados de Minas Gerais, Acre, Paraná, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo, que têm os mais altos coeficientes de incidência de casos prováveis.

Este é o terceiro ano consecutivo de surtos de dengue no Brasil. Em 2022 foram registrados 1.399.550 casos, com 1.056 mortes, e em 2023 foram 1.531.934 notificações, com 1.048 óbitos. Montone lembra que o número de casos de um ano é retrato de como foi a prevenção no ano anterior. “A dengue é endêmica no Brasil e se a prevenção de inverno de um ano não é bem feita, com o combate aos ovos do Aedes aegypti tanto pelo cidadão quanto pelo poder público, teremos muitos casos no ano seguinte”, diz. “O próximo inverno será a hora de cuidar para reduzir os casos do ano que vem, porque depois que o mosquito voa, tudo fica mais difícil”.

Sobrevivente

Montone define o Aedes aegypti como “um sobrevivente”, que se adaptou às condições do ambiente. “Hoje, por exemplo, já sabemos que os ovos podem evoluir também em água suja e não apenas em água limpa, como se acreditou durante muito tempo”, explica. “E o ciclo de vida dele tem diminuído: as larvas viram pupas, que se transformam em mosquitos entre cinco e dez dias”. O mosquito vive em média 45 dias e a fêmea, que é a vetora do vírus da dengue, pode colocar até 450 ovos.

Pesquisadores especulam que a dengue pode ter sido introduzida no Brasil com o tráfico de escravizados. Há registros da presença do Aedes aegypti no Brasil já no século 17. Ele também é o vetor dos vírus da zika, chikungunya e febre amarela urbana, que foi erradicada aqui em 1942.

Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático, os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, o sociólogo Tulio Kahn e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação do Espaço Democrático.


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