Redação: Scriptum
Dois programas do governo federal – o Desenrola Brasil, de renegociação de dívidas de pessoas físicas inadimplentes, e o de redução de preço dos automóveis e de incentivo à renovação da frota de caminhões e ônibus com mais de 20 anos de uso, com descontos direto ao consumidor –, anunciados esta semana, têm potencial para iniciar o processo de recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da avaliação da gestão. O ponto de vista foi compartilhado por consultores do Espaço Democrático, a fundação para estudos e formação política do PSD, na reunião semanal desta terça-feira (6).
“Os dois primeiros governos do Lula foram um sucesso especialmente por causa do crédito farto”, lembrou o cientista político Rubens Figueiredo. “As pessoas viajavam de avião, conseguiam comprar carro, e isso ainda é uma lembrança forte”, disse. Outro cientista político, Rogério Schmitt, concorda: “O impacto potencial deste programa é significativo”. O Desenrola Brasil, criado por Medida Provisória com o nome de Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes, recoloca no mercado de consumo milhões de pessoas. Isto porque os credores que quiserem participar do programa, além de renegociarem as condições de pagamento de dívidas, oferecendo descontos, terão de se comprometer a excluir dos cadastros de inadimplentes os nomes dos devedores.
Já o programa de redução de preço dos automóveis e de incentivo à renovação da frota de caminhões e ônibus com mais de 20 anos de uso é um afago à classe média e também a um eleitorado muito ligado ao bolsonarismo, os caminhoneiros. A renúncia fiscal estimada, de R$ 1,5 bilhão, porém, “é uma miudeza” segundo o economista Roberto Macedo, que foi secretário de política econômica do Ministério da Fazenda. Ele apresentou números sobre as isenções tributárias que a indústria automobilística já tem, com Imposto de Produtos e Industrializados e Imposto de Importação. “Só Fiat, General Motors e Volkswagen deixam de recolher R$ 8,8 bilhões”, disse.
Luiz Alberto Machado analisou um outro viés do governo: a mudança do discurso do presidente Lula. “Durante a campanha eleitoral ele defendia a ideia da reindustrialização como antídoto à reprimarização da economia”, lembrou Machado. “Com esta ideia, o Estado deveria ser o indutor do crescimento”. Agora, Lula fala em neoindustrialização. “Trata-se de um conceito mais moderno e abrangente, que considera a indústria não apenas como manufatureira; neste aspecto, o agro e o entretenimento são considerados como indústria e os indutores são tanto os Estado quanto a iniciativa privada”, apontou.
Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, os economista Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, o sociólogo Tulio Kahn, o consultor na área de saúde Januario Montone e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da Fundação Espaço Democrático.