Redação Scriptum

A Demografia Médica Brasileira, divulgada pelo Conselho Federal de Medicina com dados de 2022, revelou que o País tem 523.528 médicos, com uma proporção de 2,56 médicos para cada mil habitantes. São números próximos aos dos Estados Unidos, onde há três médicos por mil habitantes, ou do Canadá, que tem dois por mil. Por quê, então, se fala com frequência no problema da falta de médicos no Brasil?

O assunto foi tema da palestra de Januario Montone na reunião semanal do Espaço Democrático, realizada nesta terça-feira (14), na sede da fundação, em São Paulo. Consultor em políticas de saúde, ex-presidente da ANS e ex-secretário municipal de Saúde na capital paulista, Montone explicou que o levantamento demográfico comprova a persistência de um antigo problema brasileiro, que é a má distribuição dos médicos pelo País.

Ele deu alguns exemplos: enquanto 28,1% dos médicos estão no Estado de São Paulo (3,2 médicos por mil habitantes), outros 12,2% estão no Rio de Janeiro (3,7 médicos por mil habitantes). Isto é, apenas esses dois Estados concentram 40% dos médicos do Brasil.

A qualificação é outro problema, disse Montone: metade desse meio milhão de médicos é generalista, tem apenas o curso de formação médica, sem passar pela necessária residência médica hospitalar ou especialização. Além disso, completou ele, “infelizmente temos diversas faculdades de Medicina com cursos sem hospitais de referência, ensinando apenas com recursos como bonecos e auxílio da telemedicina e da inteligência artificial”.

Além de Januario Montone, participaram da reunião semanal do Espaço Democrático os seguintes consultores e colaboradores: Helio Michelini, Ivani Boscolo, João Veríssimo, Luiz Alberto Machado, Rogério Schmitt, Rubens Figueiredo, Sérgio Rondino e Tulio Kahn.