Redação Scriptum
Os brasileiros, em especial aqueles das classes socioeconômicas mais baixas, mergulharam na jogatina promovida pelas empresas de apostas on-line, as chamadas bets, em 2024. O Banco Central estima que ao longo deste ano até R$ 21 bilhões podem estar sendo carreados mensalmente para as empresas de apostas – parte deste dinheiro de beneficiários do Bolsa Família, que veem nas apostas virtuais uma chance de melhorar de vida. Esta oportunidade não existe, conforme mostra a publicação Jogadores anônimos: como eles trabalham para salvar pessoas do jogo compulsivo, disponível para download ou leitura on-line.
O caderno traz a íntegra da entrevista coletiva, que também pode ser acessada em podcast, feita por consultores e colaboradores do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD – com um integrante da organização Jogadores Anônimos, que apoia dependentes do jogo. Identificado apenas com o pseudônimo de João, ele descreveu o trabalho desenvolvido pela comunidade e detalhou a faceta mais perversa das apostas on-line: as histórias muitas vezes trágicas enfrentadas por centenas de famílias, desarranjadas social e financeiramente por jogadores compulsivos, vítimas do distúrbio psiquiátrico conhecido como jogo patológico – o vício em jogar.
“Nós não fazemos estatísticas, mas percebemos que depois da pandemia o crescimento do número de pessoas que querem ajuda para deixar o jogo foi exponencial”, contou. E a faixa etária dos compulsivos que buscam a JA vem caindo: “Hoje são jovens entre 20 e 30 anos, mas já temos até mesmo adolescentes que procuram ajuda, levados por seus responsáveis”. O aumento da demanda, “espantoso”, segundo ele, não se limita às cidades mais urbanizadas do Brasil. “Recebemos mensagens dos lugares mais distantes do País, de pequenas cidades”, diz. “Ao contrário de como acontecia no passado, quando o jogo era analógico e a pessoa tinha que ir a determinado lugar para jogar, hoje o jogo está na palma da mão, no celular”. A entrevista pode ser ouvida no podcast
Participaram da entrevista coletiva com João o sociólogo Tulio Kahn, os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o gestor público Januario Montone, o advogado e empresário Helio Michelini, a secretária do PSD Mulher Nacional, Ivani Boscolo, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da fundação.