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Eleição municipal tem até deputado concorrendo a vereador

Cientista político Rogério Schmitt fez balanço das candidaturas de parlamentares nas eleições municipais

O cientista político Rogério Schmitt acredita que o próprio sistema político oferece estímulo para que senadores e deputados disputem eleições municipais.

 

Redação Scriptum

 

Quem renunciaria a um mandato no Congresso Nacional para se candidatar a vereador em sua cidade, ainda que seja uma capital de Estado? Pode parecer inverossímil, mas nas eleições de outubro próximo, sete deputados federais – suplentes que estão no exercício do cargo em Brasília – vão concorrer a uma cadeira nas câmaras municipais de São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, João Pessoa, Aracaju, Fortaleza e Valença. Este foi um dos aspectos levantados pelo cientista político Rogério Schmitt nesta terça-feira (21), na reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD –, quando fez um balanço dos deputados e senadores que disputarão as eleições municipais.

Segundo Schmitt, quatro senadores e 83 deputados federais serão candidatos em seus municípios de origem este ano, dos quais 77 a prefeito, três a vice-prefeito e sete a vereador. “Apesar de os parlamentares candidatos serem menos de 15% do total de congressistas, todos os outros também estarão indiretamente envolvidos nas campanhas de seus aliados políticos nos municípios”, lembrou o cientista político, destacando que esta é a principal razão da criação daquilo que no jargão parlamentar é chamado de “esforço concentrado”: as sessões deliberativas nos plenários das duas casas são menos numerosas entre agosto e setembro, período de campanha.

Schmitt acredita que o próprio sistema político oferece estímulo para que senadores e deputados disputem eleições municipais. “Eles podem permanecer o tempo todo no pleno exercício de seus mandatos; eleitos, precisam renunciar às cadeiras que ocupam na Câmara ou no Senado, mas garantem um novo mandato de quatro anos em seus municípios; derrotados, seguem cumprindo seus mandatos originais e teoricamente ampliam seu “recall” para a eleição seguinte”. Apesar do que o cientista político define como estrutura de incentivos para que concorram às eleições municipais, ele mostrou que desde o pico de participações, em 1996, quando 121 parlamentares concorreram, o número de candidaturas se estabilizou em torno de 80 no século 21.

 

Tulio Kahn: primeiros estudos revelam que o desmatamento favorece o aumento da criminalidade

 

Criminalidade x desmatamento

O sociólogo Tulio Kahn, especialista em segurança pública, apresentou os primeiros resultados de um estudo que está produzindo, pelo qual tenta medir o impacto do desmatamento na criminalidade. Em seu levantamento, considerou os 772 municípios que fazem parte da Amazônia Legal, que cobre os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.

Nesta área de cinco milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a quase 60% do território nacional, é grande a atividade que promove o desmatamento, como a mineração legal e ilegal, as queimadas para aumentar a área de plantio e de pecuária e a extração legal e ilegal de madeira, por exemplo, que degradam o ambiente e produzem desarranjos sociais e econômicos.

Kahn aplicou sobre a Amazônia Legal dados do Índice de Progresso Social (IPS Brasil 2024) – metodologia que avalia a qualidade de vida da população no Brasil de forma multidimensional, além das métricas tradicionais e paradigmas econômicos –, composto por 53 indicadores secundários exclusivamente sociais, ambientais e que medem resultados, não investimentos, todos de fontes públicas.

De acordo com ele, os primeiros estudos revelam que o desmatamento favorece o aumento da criminalidade. “O crime organizado está envolvido em algumas das atividades lucrativas que promovem o desmatamento, além do tráfico de drogas”, disse. “E a disputa por esse mercado lucrativo entre as facções contribui para o crescimento dos homicídios”. Kahn lembrou que a partir do início dos anos 2000 a Amazônia Legal experimentou um novo ciclo de crescimento econômico, impulsionado pelo aumento dos preços das commodities no mercado internacional. A demanda crescente por soja, carne bovina e minerais, especialmente da China, gerou este boom. “Já vimos antes esse fenômeno em outras regiões e períodos e suas consequências no crescimento da violência”, apontou. “O crime organizado é apenas a cereja do bolo, cujo recheio é o crescimento rápido e desorganizado dos municípios da região”.


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