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Indicadores não confirmam percepção de insegurança da população paulista

Sociólogo Tulio Kahn, especialista em segurança pública, analisa os indicadores de 2024

Tulio Kahn acredita que a dinâmica da criminalidade é impactada mais pelo contexto social, econômico e demográfico que por políticas de segurança

Redação Scriptum

 

Pesquisa recente da Rede Nossa São Paulo – organização da sociedade civil que atua em projetos de apoio à gestão pública – revela que 74% dos entrevistados apontam a segurança como o maior problema da capital paulista, à frente da saúde (36% das menções), transporte coletivo (15%) e habitação e educação (ambas com 12%). A percepção de insegurança das pessoas, porém, não é compatível com os índices de criminalidade registrados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo nos dados fechados do ano passado, que mostram a melhoria de vários indicadores.

Na reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD – desta terça-feira (12), o sociólogo Tulio Kahn, especialista em segurança pública, analisou os dados disponíveis para tentar entender o fenômeno. “Há várias questões em aberto: o que explica o resultado quando alguns dos principais indicadores de criminalidade estão em queda na Capital e no Estado?”, questiona. O resultado da pesquisa da Nossa São Paulo é confirmado por outra sondagem, de setembro de 2024, do Datafolha: após 11 anos, a violência voltou a ser apontada pelo paulistano como o problema mais grave da cidade (22%), superando a saúde pública (16%).

Para Kahn, a percepção de insegurança das pessoas pode ser explicada por algumas razões. Por exemplo, a violência policial, que ganhou muita visibilidade no Estado a partir de denúncias de pessoas que testemunharam a ação da Polícia Militar. “Mas precisamos lembrar que uma pesquisa da Genial-Quaest apontou que mais da metade da população aprova a política linha dura estabelecida nos dois primeiros anos de gestão”, afirma Kahn. Além disto, há aspectos como o crescimento dos estelionatos e fraudes por meio digital, a desordem urbana na cidade – grande número de moradores de rua e pichações, por exemplo – e até mesmo ações espetaculares do crime organizado, como o assassinato do delator do PCC Antônio Vinicius Gritzbach, à luz do dia e em um lugar de muito movimento, como o Aeroporto de Guarulhos, episódio que ganhou amplo destaque na mídia.

Kahn acredita que a dinâmica da criminalidade é impactada mais pelo contexto social, econômico e demográfico que por políticas de segurança, exceção feita aos indicadores de letalidade policial e revistas feitas pela polícia, mas considera que embora boa parte das tendências observadas em São Paulo estejam em linha com as registradas nacionalmente, o Estado tem colhido resultados superiores com algumas iniciativas.

A principal dessas iniciativas é o Muralha Paulista, que já integra por câmeras 641 dos 645 municípios paulistas. “São mais de 7,4 mil câmeras ativas e o bom desempenho na diminuição de roubos e furtos de veículos, além da recuperação deles, provavelmente é resultado deste programa”, lembra o sociólogo. Outro indicador positivo em relação ao restante do País, destacou ele, refere-se à apreensão de armas: “Enquanto no Brasil a apreensão caiu, no Estado de São Paulo subiu quase 25%”.

Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, o advogado Roberto Ordine, os cientistas políticos Rubens Figueiredo Rogério Schmitt, os gestores públicos Januario Montone e Mário Pardini, o médico sanitarista e ambientalista Eduardo Jorge e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino.


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