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{ ANÁLISE }

Inflação, bolsonarismo e avaliação do governo em debate

Reunião semanal do Espaço Democrático teve debates sobre economia e conjuntura política brasileira

 

Redação Scriptum

 

A adoção do novo modelo de metas para a inflação, o bolsonarismo após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e a avaliação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao longo do seu primeiro semestre de governo foram os temas debatidos na reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD – nesta terça-feira (4).

Os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo elogiaram a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), de mudar o sistema de metas para a inflação para um regime contínuo, em vez do que vinha sendo seguido até agora, de ano-calendário. “Foi uma boa medida, que já é adotada na maior parte dos países”, disse Macedo.

Machado fez uma explanação histórica sobre o modelo de metas de inflação antes de explicar como funcionará o novo sistema no Brasil. “Atualmente, a meta de inflação trabalha com um período fechado: de janeiro a dezembro de um determinado ano”, disse. “Assim, o objetivo é que a inflação medida em dezembro, acumulada desde o janeiro do mesmo ano, esteja dentro da meta – no caso de 2023, o centro dessa meta é de 3,25%, podendo variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo”.

Ele demonstrou como funcionará o modelo proposto pelo CMN. “No sistema contínuo, a inflação tem que estar na meta ao longo de um horizonte definido de tempo”, explicou. “Com ela, o País passa a buscar um resultado permanente de inflação em um prazo que deverá ser definido de forma técnica pelo Banco Central”. A mudança, destacou o economista, valerá apenas a partir de 2025, quando terminará o mandato de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central.

Popularidade do governo

O cientista político Rogério Schmitt fez uma exposição sobre os índices de popularidade do governo e do presidente Lula em seu primeiro semestre de governo e comparou os números com os obtidos por Jair Bolsonaro também em seus primeiros seis meses. Os percentuais utilizados por ele na apresentação são uma medida das pesquisas realizadas no período – tanto de Lula (16 levantamentos) quanto de Bolsonaro (15).

Schmitt mostrou que o governo Lula começou sua gestão com 41% de avaliação positiva, 16% regular e 31,5% negativa, para encerrar o semestre, depois de poucas oscilações, com 38% de positivas, 30,5% de regulares e 28,5% de negativas. O gráfico revela que embora a avaliação positiva tenha caído 3 pontos percentuais, a regular subiu para quase o dobro e a negativa caiu três pontos percentuais. Já na avaliação pessoal do presidente da República, Lula saiu de 49,5% de aprovação em janeiro para 53,3% em junho. A reprovação do presidente, na mão inversa, também subiu, de 35,5% no início do mandato para 41% no fim do semestre.

Na comparação entre Lula e Bolsonaro em seus primeiros semestres de governo, embora o petista tenha começado a gestão com avaliação positiva inferior ao do seu antecessor – 42% contra 44,5% – o gráfico mostra que ao longo do período Lula oscilou para cima e para baixo até fechar junho com 38% de aprovação. Bolsonaro, ao contrário, teve queda persistente mês a mês, chegando ao final do primeiro semestre com 32%, ou 12,5 pontos percentuais a menos. A avaliação negativa de Lula caiu de 31,5% em janeiro para 28,5% em junho, enquanto a de Bolsonaro teve desempenho contrário: dos 15,5% do início do mandato, bateu em 35,9% do final do primeiro semestre.

Bolsonarismo e sociedade

O cientista político Rubens Figueiredo comentou alguns pontos da pesquisa realizada pelo Datafolha entre 12 e 14 de junho, que ouviu 2.010 pessoas com mais de 16 anos em 112 municípios e tem margem de erro de dois pontos para mais ou menos. O levantamento aborda o posicionamento do eleitor brasileiro sobre vários assuntos, aspecto apontado por Figueiredo em sua análise: “Hoje a sociedade tem uma grande variedade de temas para discutir – gênero, drogas, religião, armas, corrupção”. Segundo ele, são tempos muito diferentes daqueles da polarização entre o PT e o PSDB.

Para o cientista político, esta avalanche de temas, especialmente aqueles da pauta de costumes, contribuiu para o fortalecimento desta direita que tem em Bolsonaro o seu ícone. Ele destaca que é surpreendente um dado da pesquisa: 25% das pessoas ouvidas se declaram bolsonaristas de carteirinha, contra 29% de petistas. “Chama a atenção porque ele perdeu a eleição, foi embora para os Estados Unidos e continua aí”, avalia. Para Figueiredo, “o Bolsonaro pode até passar, mas o bolsonarismo vai sobreviver com musculatura”.

Participaram das reunião semanal do Espaço Democrático, além dos palestrantes Roberto Macedo, Luiz Alberto Machado, Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo, o sociólogo Tulio Kahn, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da Fundação Espaço Democrático.


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