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{ DIÁLOGOS NO ESPAÇO DEMOCRÁTICO }

Mundo vive uma espécie de segunda guerra fria

Gunther Rudzit, especialista em relações internacionais, é entrevistado pela TV Espaço Democrático

 

 

 

Redação Scriptum

 

Acabou o mundo ao qual nos acostumamos nas décadas que se seguiram à implosão da União Soviética, em 1991, e o fim da Guerra Fria, um mundo de aprofundamento das relações comerciais e políticas por meio da globalização. “Estamos em um momento em que as tensões geopolíticas voltaram a ter um peso muito grande”, diz Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e da Universidade da Força Aérea (UNIFA). Em entrevista no programa Diálogos no Espaço Democrático, produzido pela fundação de estudos e formação política do PSD e disponível em seu canal do Youtube, Gunther disse que vivemos uma espécie de segunda guerra fria: “Voltamos a um período de oposição entre grandes potências porque temos duas alianças se formando e as disputas só vão piorar daqui para a frente”.

Entrevistado pelo jornalista Sérgio Rondino, o economista Luiz Alberto Machado, o sociólogo Tulio Kahn e o gestor público Januario Montone, o especialista em segurança mundial apontou que, embora a conjuntura econômica mundial seja diferente da que se deu logo após o fim da Segunda Guerra, o processo político é parecido. “As duas principais guerras que ocorrem no momento são centrais para o equilíbrio de poder entre as duas grandes forças que se opõem, que eu chamo de Ocidente e Anti-ocidente”, afirma ele.

A guerra entre Rússia e Ucrânia vai definir a dinâmica na Europa. “O conflito na Ucrânia tem potencial para impactar as dinâmicas geopolíticas globais”, diz. “Se a Ucrânia perder a guerra, a posição europeia ficará muito complicada”. Gunther relativiza a importância do conflito entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas: “O Oriente Médio continuará importante pelos próximos 15 anos por causa do petróleo – 23% do produto consumido no mundo sai da região do Golfo Pérsico –, mas é uma guerra restrita”.

Ele acredita que a invasão da Ucrânia pode ser considerada um dos maiores erros de cálculo do presidente russo Vladimir Putin. “Fortaleceu a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e, para os cidadãos europeus, a invasão foi tão bárbara que deixou claro que a Rússia não é um país civilizado”, aponta. “É um embate de civilizações: a Suécia, por exemplo, tem uma cultura de neutralidade há 200 anos e em semanas o governo – que foi eleito dizendo que não entraria para OTAN – construiu consenso e entrou, juntamente com a Finlândia, que há 70 anos também estava neutra”.

Gunther Rudzit também comentou a pretensão brasileira de fazer parte do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). “É um desejo que não vai acontecer”, acredita. “Não existe possibilidade de uma grande potência diminuir a sua influência no mundo, porque o poder de veto das cinco potências que formam o Conselho é o diferencial que elas têm no mundo”.


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