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{ DEBATE }

‘O aiatolá está a poucos passos da Cracolândia’

Em reunião do Espaço Democrático, o especialista em Relações Internacionais Alberto Pfeifer alerta sobre a ameaça do crime transnacional

 

Alberto Pfeifer alertou ainda que a islamização da população europeia, a partir da imigração, é um fator que precisa ser considerado a médio e longo prazo.

 

Redação Scriptum

A grande ameaça externa enfrentada pelo Brasil é o crime organizado transnacional, que atravessa fronteiras e se aproveita da inoperância das forças de segurança para buscar espaço e poder cada vez maiores. O alerta foi feito na segunda-feira (7) pelo coordenador-geral do grupo de análise em estratégia internacional da USP Alberto Pfeifer em palestra na reunião semanal dos consultores do Espaço Democrático – fundação do PSD para estudos e formação política.

Tendo por tema a segurança no mundo, ele assegurou em sua palestra que os conflitos hoje vividos no Oriente Médio têm impacto direto no Brasil. “O aiatolá está a poucos passos da Cracolândia”, afirmou, ao lembrar que o Irã, por exemplo, em sua estratégia para levar adiante seus objetivos políticos e bélicos, recorre a organizações criminosas para financiar atividades terroristas e investir em defesa.

Logo, afirmou, há conexão direta entre o que acontece no Oriente Médio e na expansão do crime transnacional que hoje acontece em todo o mundo e especialmente no Brasil. “É do interesse do nosso País contribuir para iniciativas de enfrentamento do crime organizado em todo o mundo”, disse, lembrando porém que não temos atualmente presença internacional para influir politicamente no combate às organizações criminosas.

Para ele, o País não chega nem mesmo a ser uma potência média regional. Em sua opinião, o Brasil tem potencial para isso, mas ainda não conseguiu se colocar como um interlocutor de peso para o debate dos grandes temas mundiais. “Este ano vamos sediar a COP30, mas ainda não apresentamos uma posição consolidada no debate ambiental global”, disse, ressaltando que isso acontece apesar de o País tem grandes ativos nessa área, como a Amazônia, a maior reserva de água doce do mundo, uma agricultura que está entre as mais sustentáveis do mundo e assim por diante.

“Temos também uma avançada tecnologia para a produção de alimentos, experiência muito bem sucedida em vacinação da população, expertise em defesa tropical, na selva, mas ainda não conseguimos mostrar como o potencial tropical pode contribuir para a questão do aquecimento global”, afirmou.

 

Reunião semanal de colaboradores do Espaço Democrático

 

Alberto Pfeifer, que foi diretor de Projetos Especiais e de Assuntos Internacionais Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (2017-2018), destacou em sua palestra a importância da reunião do Mercosul realizada na semana passada na Argentina. “A declaração final do encontro teve 12 tópicos, sendo que oito deles versam sobre o combate ao crime organizado, mostrando a importância do problema para os países-membros. Esse flagelo que afeta o Brasil é a conexão internacional do País, está no centro das preocupações do Mercosul e é também um dos focos da administração dos EUA, que quer transformar facções como o PCC em organizações terroristas. Se não tratarmos dessa questão, nosso legado será o fortalecimento do crime transnacional”, concluiu.

Na palestra, Pfeifer fez também uma análise do atual cenário geopolítico mundial, destacando que a posse do presidente norte-americano Donald Trump em seu segundo mandato vem provocando mudanças expressivas, com os EUA deixando claro sua disposição de garantir a hegemonia no continente americano, respeitando os espaços já ocupados pela Rússia e China em suas áreas. “Com isso, a Europa fica em segundo plano e deve ser obrigada a concentrar recursos em sua própria defesa, o que pode trazer avanços tecnológicos e de produtividade”. O especialista alertou ainda que a islamização da população europeia, a partir da imigração, é um fator que precisa ser considerado a médio e longo prazo.

Participantes

Após a palestra de Alberto Pfeifer, o combate às organizações criminosas foi discutido também pelos consultores do Espaço Democrático, que destacaram, por exemplo, a falta de coordenação e de troca de informações entre as diversas áreas da segurança pública como uma dos obstáculos enfrentados pelo Brasil para atuar efetivamente contra o crime organizado.

Participaram da reunião, coordenada pelo jornalista Sérgio Rondino, o coordenador de Relações Institucionais da fundação, Vilmar Rocha, os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o sociólogo Tulio Kahn, os gestores públicos Mário Pardini e Januario Montone, o ambientalista e ex-deputado federal constituinte Eduardo Jorge, o advogado Roberto Ordine, o ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho, e o jornalista Marcos Garcia de Oliveira.


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