Redação Scriptum
As Olimpíadas de Paris, que serão oficialmente abertas nesta sexta-feira (26), foram o principal tema da reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação de estudos e formação política do PSD – nesta terça-feira (23). O economista Luiz Alberto Machado, aficionado por esportes, fez uma exposição sobre os Jogos Olímpicos, contando a história da competição desde a sua primeira edição, na Grécia Antiga, por volta de 776 a. C., na cidade de Olímpia. Machado lembrou que na Antiguidade a competição foi realizada até o ano 393 d.C., estava associada a rituais religiosos e prestava homenagens a deuses gregos, como Zeus.
As Olimpíadas, então com o selo de Jogos Olímpicos da Era Moderna, voltariam a acontecer mais de 15 séculos depois, em 1896, em Atenas, por iniciativa do historiador e pedagogo francês Pierre de Coubertin, que queria celebrar a paz entre as nações por meio de uma competição esportiva. Coubertin fundou o Comitê Olímpico Internacional (COI) e conseguiu a adesão de dezenas de países. Desde que foram recriadas, as Olimpíadas deixaram de ser realizadas apenas em três edições – em 1916, em razão da Primeira Guerra Mundial, e em 1940 e 1944, em decorrência da Segunda Guerra.
Machado destacou que durante muito tempo a ideia do espírito olímpico permitia apenas a participação de atletas amadores nas competições das mais variadas modalidades. “Houve inclusive casos de atletas punidos com a perda de suas medalhas em razão da descoberta de que haviam recebido algum tipo de remuneração”, lembrou. Essa exigência foi se tornando cada vez menos rigorosa com o tempo, tanto porque nos países socialistas muitos atletas eram funcionários do governo, sendo remunerados por seu trabalho, quanto pela prática cada vez mais frequente do chamado amadorismo marrom – atletas que eram remunerados das mais variadas formas. Uma das raras modalidades que ainda têm restrição à participação de atletas é o futebol masculino, que limita a disputa apenas a jogadores de até 23 anos, admitidas três exceções. “A Fifa teme que a Olimpíada acabe esvaziando a Copa do Mundo se os melhores puderem jogar”, acredita Machado.
Em sua apresentação o economista abordou a evolução física e técnica dos atletas em várias modalidades, os boicotes motivados por razões políticas – como o atual, imposto à Rússia, em razão da invasão da Ucrânia – e também o fato de as Olimpíadas terem se tornado uma competição muito cara, o que torna improvável que seja sediada por um país do terceiro mundo no futuro. Por fim, fez um balanço das chances brasileiras nas disputas de Paris, destacando atletas como Gabriel Medina (surfe), Hugo Calderano (tênis de mesa), Rebeca Andrade (ginástica), Alison dos Santos (atletismo), Rayssa Leal (skate) e as judocas Rafaela Silva e Mayra Aguiar.
Distribuição de riqueza
No final da reunião o economista Roberto Macedo falou sobre o recente estudo feito pelo Union Bank of Switzerland (UBS), que constatou que no Brasil aumentou a concentração da riqueza. Citando dados do estudo, Macedo apontou que a “concentração de riqueza cresceu 16,8% nos últimos 15 anos e o Brasil já ocupa o terceiro lugar no ranking de desigualdade entre 56 nações, atrás apenas de Rússia e África do Sul”.
O estudo, apontou Macedo, considerou o expressivo número de 36 países e também destacou que enquanto entre “2000 a 2010 houve uma expansão de riqueza no Brasil de 384%, com uma média anual de 15%, nos 13 anos seguintes a taxa caiu para 55%, com um ritmo anual de apenas 3%”.
Macedo lembrou que as desigualdades de renda e de riqueza no Brasil são um fenômeno marcado pelo fato de que os mais pobres têm maior crescimento populacional e são menos educados nos seus lares, nas escolas, no trabalho e no seu meio social. Além disso sua oferta no mercado de trabalho é maior relativamente à demanda do que os demais grupos sociais. Com tudo isso, têm menor renda, sendo-lhes muito difícil acumular patrimônio.
Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático, além de Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, o cientista político Rubens Figueiredo, o sociólogo Tulio Kahn a secretaria do PSD Mulher nacional, Ivani Boscolo, e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação do Espaço Democrático.