Pesquisar

tempo de leitura: 4 min salvar no browser

{ ANÁLISE }

Os sinais que a eleição municipal deixa

Cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt fizeram avaliação do resultado da disputa na reunião semanal do Espaço Democrático

 

Para Rubens Figueiredo, disputa entre Lula e Jair Bolsonaro nas eleições municipais foi como um duplo nocaute simultâneo

 

 

Redação Scriptum

As eleições municipais deixaram importantes sinais aos analistas. Algumas delas: não são importantes para influenciar a disputa que se dará em dois anos, para a presidência da República; não existe mais a velha e surrada divisão segundo a qual a esquerda vota na esquerda e a direita na direita; e em todo o País ficou exposto o fracasso dos principais personagens da polarização política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Este é o extrato da análise feita pelos cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo nesta terça-feira (29), na reunião semanal do Espaço Democrático, a fundação para estudos e formação política do PSD. O encontro semanal marcou a adesão de um novo colaborador ao grupo: o médico sanitarista Eduardo Jorge, secretário do Verde e do Meio Ambiente na gestão de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo.

Rubens Figueiredo usou uma alegoria do boxe para mostrar a influência de Lula e Bolsonaro na disputa municipal: foi uma luta com duplo nocaute simultâneo. “Bolsonaro viu candidatos icônicos perderem – como André Fernandes, em Fortaleza, e Marcelo Queiroga, em João Pessoa –, brigou com Ronaldo Caiado, assistiu ao surgimento de Pablo Marçal e presenciou o fortalecimento de Tarcísio de Freitas”, disse. “Lula assistiu à pior performance do PT, que foi expulso das capitais do Nordeste, e à crise no partido, com o bate-boca público entre Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha”, para quem o partido está no Z4 das eleições municipais desde 2016 – uma alusão aos últimos colocados do Campeonato Brasileiro de futebol.

Figueiredo destacou o crescimento dos partidos de centro. Apontou que em 2020 a esquerda governava 14,82% da população brasileira, o centro 40,74% e a direita, 44,44%. “Em 2024, a esquerda (11,25%) e a direita (36,74%) diminuíram de tamanho e o centro saiu de 40,74% para mais da metade da população governada, 52%.

Ao comentar a eleição em São Paulo, o cientista político destacou o papel do governador Tarcísio de Freitas. “Em um primeiro turno duríssimo, pegou Ricardo Nunes pela mão e foi em frente”, disse. Embora a comunicação de campanha de Nunes tenha sido muito antiquada, na visão dele, o prefeito reeleito acertou na estratégia. “Ele foi bem quando houve o apagão da Enel: colocou o uniforme da Defesa Civil e foi trabalhar, foi prefeitar enquanto Boulos atacava; e foi muito bem quando, depois do primeiro turno, rejeitou Pablo Marçal em seu palanque – mas não rejeitou o eleitor de Marçal”.

 

PSD e MDB, dois partidos de centro, foram os grandes vencedores da eleição, avaliou Rogério Schmitt

 

Centro na frente

Schmitt apresentou rankings feitos a partir de oito critérios diferentes. O PSD se destaca como o partido que elegeu o maior número de prefeitos em todo o País (891) e é o segundo partido quando os parâmetros são mais eleitores governados (27,7 milhões), mais votos para prefeito no primeiro turno (14,5 milhões), mais votos para vereador (10,3 milhões), mais cidades entre as 103 maiores do País (15) e mais capitais (5), ao lado do MDB, com o mesmo número. Schmitt destacou que PSD e MDB, dois partidos de centro, foram os grandes vencedores da eleição, de acordo com os critérios mais usados.

Para o cientista político, a eleição municipal deixou claro que não existe mais a divisão segundo a qual militantes de esquerda votam na esquerda e de centro na direita. Ele desconstruiu, também, a ideia de que a eleição municipal pode ter impacto na eleição presidencial. “Ela é importante para a eleição do Congresso Nacional”, disse. E destacou um ponto importante em relação à disputa em São Paulo. “Os quatro maiores institutos acertaram o vencedor, mas se equivocaram até na margem de erro percentual de Ricardo Nunes e Guilherme Boulos”. Mostrou, ainda, uma curiosidade: na eleição anterior, os percentuais de Bruno Covas 59,38% e Boulos (40,62%) foram praticamente iguais aos da eleição de domingo último, 59,35% contra 40,65%.

 

Eduardo Jorge vai abordar como o Brasil pode ser protagonista em um mundo em transformação por meio da adoção de políticas públicas ambientais.

Equipe reforçada

Eduardo Jorge, novo integrante do grupo de consultores do Espaço Democrático, já tem fala agendada para a próxima semana. Vai abordar como o Brasil pode ser protagonista em um mundo em transformação por meio da adoção de políticas públicas ambientais. Atualmente filiado ao Partido Verde (PV), Jorge tem uma longa militância política. Foi deputado estadual, deputado federal e disputou as eleições presidenciais de 2014, como cabeça de chapa, e de 2018, como vice de Marina Silva.

Além de Eduardo Jorge, Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo participaram da reunião semanal do Espaço Democrático o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, o advogado Roberto Ordine, o sociólogo Tulio Kahn, os gestores públicos Januario Montone e Júnior Dourado, os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, a secretária nacional da fundação, Ivani Boscolo, o advogado Helio Michelini e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação do Espaço Democrático. Todos consultores e colaboradores da fundação do PSD.


ˇ

Atenção!

Esta versão de navegador foi descontinuada e por isso não oferece suporte a todas as funcionalidades deste site.

Nós recomendamos a utilização dos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox ou Microsoft Edge.

Agradecemos a sua compreensão!