Redação: Scriptum
Os desafios são enormes, mas o Brasil fez grandes avanços nos últimos anos e está no caminho certo. A avaliação não é de quem está propondo uma política econômica para o País, e sim de um operador do mercado financeiro, o economista Igor Barenboim, Ph.D pela Universidade de Harvard, que fez uma análise da macroeconomia brasileira na reunião semanal do Espaço Democrático, a fundação para estudos e formação política do PSD.
Barenboim, que entre outros cargos exercidos foi secretário-adjunto de Política Econômica no Ministério da Fazenda, superintendente da Tesouraria do Itaú-Unibanco e subsecretário de administração do município do Rio de Janeiro, apontou que uma série de iniciativas e eventos que ocorreram nos últimos anos permitiu a melhora do cenário macroeconômico e que agora o governo Lula poderá se beneficiar disso sem que tenha sido o vetor destas condições. “São reformas que entre 2016 e 2022 transformaram o Brasil”, disse.
O economista, que é sócio da gestora de recursos Reach Capital, citou como exemplos dessas iniciativas que mudaram a conjuntura a Lei das Estatais, o fim da obrigatoriedade de participação da Petrobras no pré-sal, as reformas trabalhista e da previdência, a nova lei das falências, a independência do Banco Central do Brasil, as privatizações – como da Eletrobrás, a digitalização de serviços públicos e os marcos regulatórios do saneamento, das ferrovias, do gás e dos portos. Tão importante quanto as reformas são segundo ele, os sinais de estabilidade que o Congresso vem dando. “Lula já disse que quer reverter a privatização da Eletrobrás e o Marco Regulatório do Saneamento, mas o Congresso já sinalizou que não vai mexer nisso”, lembrou. “Para o investidor externo, isso é um excelente sinal”.
Para Barenboim, o desafio ainda é grande, principalmente o fiscal, mas o cenário de crise foi afastado e as perspectivas de alguns setores são excelentes. “A vulnerabilidade externa do Brasil é coisa do passado e a guerra da Rússia na Ucrânia provou isso: o petróleo subiu e o Brasil ficou mais rico com este movimento pela primeira vez na história”, disse. Ele fez algumas comparações para justificar o seu otimismo. No ano 2000 o Brasil produzia 1 milhão de barris de petróleo, hoje produz 3 milhões; a nossa produção de minério de ferro, no mesmo período, saltou de 150 milhões de toneladas para 350 milhões; e o agronegócio cresce a cada ano.
Segundo ele, a mudança que o Conselho Monetário Nacional (CMN) poderá fazer na meta de inflação, trocando o modelo de ano-calendário pelo contínuo, em um prazo de 18 ou 24 meses, poderá ajudar no processo de redução mais rápida dos juros, hoje tema de embate entre o Governo Federal e o Banco Central. “E com o juro em queda a perspectiva fica muito melhor”, lembrou.
Após a palestra Barenboim respondeu questões formuladas pelos consultores que participaram do encontro: os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, os cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo, o advogado e empresário Helio Michelini, o sociólogo Tulio Kahn, o consultor na área de saúde Januario Montone, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, o advogado e empresário Helio Michelini, e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da Fundação Espaço Democrático.