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Surto de dengue de 2025 é preocupante, principalmente em São Paulo

Vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan é a boa perspectiva que o País tem

“Este é o quarto ano consecutivo de surtos e as condições ambientais são mais favoráveis à proliferação nas regiões Sul e Sudeste”, apontou o consultor em saúde Januario Montone

Redação Scriptum

 

Embora menos intenso que o registrado no ano passado, quando foram registrados mais de 6,6 milhões de casos e 6.230 mortes, o surto de dengue deste ano não deixa de ser preocupante. “Este é o quarto ano consecutivo de surtos e as condições ambientais são mais favoráveis à proliferação nas regiões Sul e Sudeste”, apontou o consultor em saúde Januario Montone na reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD – nesta terça-feira (25). Além disto, destacou ele, a circulação do sorotipo 3 em São Paulo tem maior evolução que em 2024 e a expectativa pela vacinação que não acontecerá pode novamente agravar o cenário pela falta de engajamento da população – o laboratório Takeda não tem capacidade de produção para atender à demanda pela vacina Qdenga.

Primeiro presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e secretário municipal de Saúde da Prefeitura de São Paulo na gestão de Gilberto Kassab, Montone destacou que em oito dos últimos 15 anos o número de casos ultrapassou 1 milhão. “Em 1998, a média de internações foi de 4 por 100 mil habitantes; entre 2000 e 2010, passou para 49,7 por 100 mil habitantes”, disse. Neste ano, o Acre está à frente no ranking de coeficiente de incidência, seguido por São Paulo e Mato Grosso.

“Os números da dengue são o retrato da prevenção feita no ano anterior”, destacou Montone. “A prevenção deve ser feita no inverno, no combate aos ovos do Aedes aegypti, que com as chuvas do verão eclodem em água parada, limpa ou suja, e as larvas viram pupas que se transformam em mosquitos em ciclos cada vez mais curtos, de cinco a dez dias”. O mosquito vive em média 45 dias e a fêmea coloca até 450 ovos, que podem resistir até um ano sem água. A maior dificuldade da prevenção está no fato de que 75% dos focos estão em áreas internas dos imóveis, o que exige a participação das pessoas. “Depois que o mosquito voa, o combate é muito mais difícil”, diz ele.

Montone relatou que a mais recente versão do Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses passou a incorporar novas tecnologias para o controle do mosquito. Uma delas é o método que usa a bactéria Wolbachia. Mosquitos produzidos em laboratório são infectados com a bactéria, que reduz a sua capacidade transmissora. “É um método autossustentável porque os mosquitos infectados com esta bactéria continuam se reproduzindo”, disse. Já há duas fábricas instaladas em Londrina e Foz do Iguaçu e uma terceira prevista para ser construída no Ceará. Uma outra alternativa é a produção de insetos estéreis, que são lançados no ambiente para contaminar as populações de mosquitos e reduzir sua capacidade de disseminação da dengue. Há também o projeto de instalação de 150 mil Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), que são armadilhas para fixar larvicidas nos mosquitos.

Em paralelo, outra boa perspectiva é a da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, e a MSD, que aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Butantan-DV tem eficácia geral de 79,6% e pode ser aplicada para a faixa etária de 2 a 59 anos, o que equivale, no Brasil, a 153 milhões de pessoas. Protege contra os quatro sorotipos da dengue e é aplicada em dose única. O Butantan deve produzir este ano cerca de 1 milhão de doses, volume que chegará a 60 milhões em 2026 e 40 milhões em 2027.

Atualmente há uma vacina disponível contra a dengue. A Qdenga, do laboratório Takeda, foi aprovada pela Anvisa e é indicada para pessoas da faixa etária de quatro a 60 anos. É administrada em duas doses, com intervalo de três meses, o que se torna um problema, já que muitas pessoas se esquecem de tomar a segunda dose. Ela tem maior eficácia contra o sorotipo 2 e em pessoas que já tiveram dengue. No ano passado, o Ministério da Saúde comprou 6,4 milhões de doses, suficientes para vacinar 3,2 milhões de pessoas. Neste ano foram adquiridas outras 9,5 milhões de doses, para 4,75 milhões de pessoas. Como a Takeda não consegue atender à demanda brasileira, o governo estabeleceu prioridades que foram ampliadas ao longo do tempo em razão da baixa adesão das pessoas. A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) está negociando uma parceria com o laboratório Takeda para produzir a vacina no Brasil.

Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, o advogado Roberto Ordine, os cientistas políticos Rubens Figueiredo Rogério Schmitt, o sociólogo Tulio Kahn, o gestor público Mário Pardini, o médico sanitarista e ambientalista Eduardo Jorge, o ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira Cesário Ramalho, a secretária do PSD Mulher nacional, Ivani Boscolo, e o jornalista Eduardo Mattos.


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