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Eleição é tema de duas palestras no Espaço Democrático
Cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt falaram ao grupo de consultores da fundação
[caption id="attachment_38713" align="aligncenter" width="560"] "Ele representa o que as pessoas querem ser, um cara que veio de baixo e se transformou em empresário de sucesso", disse Rubens Figueiredo sobre Pablo Marçal,.[/caption] Redação Scriptum As eleições foram o principal tema de debate da reunião semanal do Espaço Democrático, a fundação para estudos e formação política do PSD, nesta terça-feira (3). O cientista político Rubens Figueiredo falou sobre a influência das redes sociais e do algoritmo em sucessivas eleições no Brasil e de um novo fenômeno eleitoral nascido dessas tecnologias - o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, que tem crescido rapidamente nas pesquisas de intenção de voto apenas com o uso de redes sociais. Outro cientista político, Rogério Schmitt, mostrou dados sobre como o sistema político brasileiro favorece os chamados incumbentes – aqueles que já estão no exercício de um cargo legislativo – na disputa eleitoral, e que, no entanto, esse favorecimento não tem impedido a renovação do Congresso nas últimas eleições. Figueiredo fez uma análise do sucesso que Pablo Marçal vem fazendo na campanha eleitoral, seja por meio da repercussão de sua performance nos debates e sabatinas, seja pelo conteúdo postado em suas redes sociais, que atraem dezenas de milhares de seguidores. Antes de apontar as razões pelas quais acredita que Marçal tem sido bem-sucedido nesta etapa inicial da campanha paulistana, o cientista político enfatizou uma combinação de eventos contemporâneos que favorece a ascensão de personalidades deste tipo. “A sociedade está cansada e sem paciência para os aspectos institucionais da vida, há a ascensão da direita em todo o mundo, grandes mudanças nas relações de trabalho, há grande insegurança sobre o futuro e somos bombardeados pelas redes sociais”, disse, destacando que o Brasil é o segundo que mais usa o WhatsApp no mundo e o terceiro que mais utiliza o Instagram. O cientista político elencou algumas das características que fazem de Pablo Marçal um fenômeno na campanha: “Ele representa o que as pessoas querem ser, um cara que veio de baixo e se transformou em empresário de sucesso”, disse. “Além disto, é um rico que usa uma linguagem simples, é criativo – consegue cunhar expressões e colar apelidos nos concorrentes – e domina as redes sociais como ninguém”. O debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido pela TV Gazeta teve a maior audiência da história da emissora – 1,4 ponto em média e pico de 2,5 (cada ponto representa 73 mil domicílios ligados). Parte deste resultado se deve à participação de Marçal, que tem 3,5 bilhões de marcações no TikTok, 12 milhões de seguidores no Instagram e, segundo Figueiredo, já é mais forte que Jair Bolsonaro na capital paulista. “Ele tem vida própria, representa algo para os eleitores”, define. [caption id="attachment_38714" align="aligncenter" width="560"] Rogério Schmitt: taxas de renovação parlamentar no Brasil talvez sejam as maiores entre todos os países democráticos[/caption] A força dos incumbentes Em sua fala, Rogério Schmitt abordou uma questão que afeta em especial as eleições proporcionais: o sistema político brasileiro favorece as chances de reeleição de vereadores, deputados e senadores que já estão no exercício do cargo, dificultando a renovação? Schmitt disse que os estudos apontam que a variável chave na predição das taxas de reeleição e renovação parlamentar é o sistema eleitoral do país estudado. Por motivos diferentes, as maiores taxas de reeleição são observadas onde se adota ou o chamado voto distrital ou a representação proporcional de lista fechada, aquela na qual os partidos políticos definem quem são os candidatos em uma lista e os eleitores votam na legenda. Segundo ele, as taxas de renovação são maiores em países que, como o Brasil, adotam a representação proporcional de lista aberta, ou seja, os eleitores votam nos candidatos de sua preferência. Para dar um exemplo prático da teoria da ciência política, ele mostrou um gráfico sobre a taxa de reeleição para o Congresso dos Estados Unidos entre 1964 e 2022. Neste período, a taxa de renovação média foi inferior a 10%. No Brasil, ao contrário, em média um a cada dois deputados não se reelege. “A taxa de renovação da Câmara Federal, em 2022, foi de 44,24%”, apontou o cientista político. Mas houve casos como o de 1990, quando a renovação foi de 61,82%, percentual que não se repetiu outra vez. Segundo Schmitt, “as taxas de renovação parlamentar no Brasil talvez sejam as maiores entre todos os países democráticos e isso se deve, fundamentalmente, à combinação entre lista aberta e circunscrições eleitorais de grande magnitude, o que torna extremamente incertas as chances de reeleição de deputados e vereadores”. Ele acredita, ainda, que as mudanças recentes no financiamento de campanhas e na alocação de emendas orçamentárias ainda não parecem ter produzido efeitos significativos sobre as taxas de reeleição e renovação. Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático, além dos cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, o economista Luiz Alberto Machado, o sociólogo Tulio Kahn, a secretária do PSD Mulher nacional, Ivani Boscolo, o gestor público Júnior Dourado e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da fundação do PSD.
Card link Another linkEleição não vai mudar percepção americana sobre o Brasil
Doutor em Relações Internacionais, Daniel Buarque fez palestra na fundação de estudos e formação política do PSD
[caption id="attachment_38688" align="aligncenter" width="560"] "Os americanos nos veem como um parceiro pouco confiável, porque percebem que há uma postura brasileira anti-hegemonia americana", disse Daniel Buarque.[/caption] Redação Scriptum Seja qual for o resultado da polarizada eleição americana, a imagem do Brasil nos Estados Unidos permanecerá inalterada. A percepção em relação ao País continuará sendo muito positiva quando ele for visto por meio das manifestações culturais ou como um bom destino de férias; mas o Brasil manterá o status de ator de segunda linha nas discussões dos grandes temas internacionais. Quem defende essa tese é o jornalista e doutor em Relações Internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP Daniel Buarque. Em palestra na reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política para o PSD –, Buarque, que é editor-executivo do portal Interesse Nacional, fez uma análise dos eventuais impactos, para o Brasil, de uma vitória do republicano Donald Trump ou da democrata Kamala Harris na eleição de novembro. Ele é autor do livro Brazil, um país presente, para o qual fez mais de 100 entrevistas com a comunidade de política externa americana – diplomatas, jornalistas, acadêmicos e integrantes de think tanks republicanos e democratas para entender a percepção sobre o País. Veja em vídeo os principais trechos da entrevista:
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