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Agressivo e vazio, o identitarismo atrasa o País

Em entrevista ao programa de TV da fundação do PSD, o cientista político Carlos Sávio critica a monopolização do debate político pelas questões identitárias

Redação Scriptum

A monopolização do debate intelectual pelo identitarismo, observada nos últimos anos, é um desserviço ao País, pois, apesar de defender causas que têm valor, identitários deixam em segundo plano questões muito mais importantes, como a busca de um projeto nacional, que estabeleça metas e modos para que o Brasil se torne uma nação mais justa, eficiente e moderna.

A opinião é do cientista político Carlos Sávio Gomes Teixeira, entrevistado na terça-feira (9)  pelo programa Diálogos no Espaço Democrático – produzido pela fundação de estudos e formação política do PSD. De acordo com ele, o radicalismo e a agressividade dos defensores das questões de gênero e raça vêm “envenenando” as relações políticas e inclusive favorecendo a ascensão de líderes extremistas, especialmente de direita.

No programa – conduzido pelo jornalista Sérgio Rondino e com a participação dos cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo – Carlos Sávio destacou ainda que os identitários, apesar de se proclamarem defensores das minorias, têm pouca conexão com as pessoas comuns que dizem defender. “A maioria dos integrantes dessas minorias não se identifica com a agenda identitária. Nesse aspecto, os evangélicos, que são os principais adversários do identitarismo, se identificam muito melhor com as aspirações populares, reforçando a importância do empreendedorismo, investindo na auto-estima dos fiéis e, inclusive, garantindo um papel de destaque às mulheres”, explicou.

Carlos Sávio, que é doutor em Ciência Política pela USP e professor associado do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, onde coordena o Laboratório de Alternativas Institucionais, respondeu também a perguntas do sociólogo Túlio Kahn e da secretária nacional do PSD Mulher, Ivani Boscolo. Bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, Carlos Sávio tem dois mestrados: um em Ciência Política pela USP (2004) e outro em Comunicação, Imagem e Informação, obtido na Universidade Federal Fluminense.

Com todo esse percurso pelo meio acadêmico, Carlos Sávio diz que é falsa a ideia de que a maioria dos intelectuais e professores de universidades comungam as mesmas propostas e atitudes dos militantes das questões de gênero e raça. “A maior parte dos acadêmicos torce o nariz para o identitarismo, mas os militantes dessa causa são mais agressivos na tentativa de impor suas ideias, sempre muito falantes, gritantes, com certa sanha fascista. Assim, a maioria opta pelo silêncio, porque teme represálias”, conta ele.

Esse, para Carlos Sávio, é o efeito mais nocivo da questão. “O silêncio complacente da maioria dos acadêmicos é grave”, diz, destacando o empobrecimento do debate sobre os grandes problemas do País. Para ele, isso vem ocorrendo no mundo todo, “mas é mais grave no Brasil, que ainda enfrenta questões já resolvidas em outros países”. O cientista político lembra ainda que, com a omissão dos intelectuais, o identitarismo ganha espaço sem oferecer soluções. “Esquerdistas e liberais têm projetos para a nação, mas identitários se limitam a apontar o dedo”, afirma.

 

Leitura recomendada

Sugestões de livros sobre a questão do identitarismo indicados pelo professor Carlos Sávio

Antonio Risério (organizador). A Crise da Política Identitária, Editora Topbooks, 2022.

Francisco Bosco. A Vítima tem sempre razão? Lutas identitárias e o novo espaço público brasileiro. Editora Todavia, 2017.

Mark Lilla. O Progressista de Ontem e o do Amanhã. Desafios da democracia liberal no mundo pós-políticas identitárias. Editora Cia. das Letras, 2018.

Helen Pluckrose e James Lindsay. Teorias Cínicas/Críticas. Como a academia e o ativismo tornam raça, gênero e identidade o centro de tudo – e por que isso prejudica todos. Editora Faro Editorial, 2019.

Alain Finkielkraut. A Identidade Envergonhada. Imigração e Multiculturalismo na França hoje. Editora Difel, 2017.

Antonio Risério. Sobre o Relativismo Pós-moderno e a Fantasia fascista da esquerda identitária. Editora Topbooks, 2019.

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Novo Caderno Democrático mostra bastidores do Plano Real

Já está disponível a íntegra da entrevista do economista Persio Arida, um dos formuladores do plano que mudou a economia brasileira

Redação Scriptum   A comemoração dos 30 anos do Plano Real, experiência única no mundo e que corrigiu os rumos da economia brasileira, é o tema da mais recente edição da série Cadernos Democráticos, já disponível para download gratuito no site da fundação para estudos e formação política do PSD. A publicação traz a íntegra da entrevista do economista Persio Arida, um dos artífices do plano. Na entrevista aos economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, ao cientista político Rogério Schmitt, ao ex-deputado e coordenador de Relações Institucionais do Espaço Democrático, Vilmar Rocha, e ao jornalista Sérgio Rondino, âncora do programa de entrevistas, Arida contou não só como foi concebida a ideia do Plano Real, mas também algumas histórias de bastidores de alguns dos principais personagens envolvidos no projeto. Economista formado pela USP, ele tem doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), lecionou na própria USP e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), período durante o qual ele e André Lara Rezende, a quem havia conhecido no MIT, estudaram profundamente a hiperinflação brasileira e desenvolveram a Teoria da Inflação Inercial. Foi a partir dela que desenvolveram a ideia de uma reforma no sistema monetário por meio da criação de uma moeda nova, que circularia junto com a da época, o cruzeiro, que aos poucos seria abandonado. A ideia passou a ser conhecida como Plano Larida (acrônimo dos nomes dos dois economistas) e poderia ter sido colocada em prática oito anos antes, em 1986, no governo de José Sarney, quando foi criado o Plano Cruzado. Inflação Apesar do fracasso do Plano Cruzado, que parece ter incutido na classe política o conceito equivocado de que era necessário o congelamento de preços para segurar a inflação – foi assim em todos os planos de estabilização que vieram a seguir, Bresser, Verão, Collor 1 e Collor 2 – o economista acredita que a experiência parece ter fixado no imaginário coletivo a ideia de que era possível, ainda que temporariamente, estancar o processo inflacionário. “A inflação, entre os planos de estabilização, passou a ter uma dinâmica de expectativa pura: o empresário sabia que se ela subisse teria de enfrentar congelamento e aumentava os preços preventivamente – e sempre que a inflação subia os políticos queriam fazer outro congelamento, era a forma de manter a popularidade”, explicou. Este cenário só foi alterado quando Marcílio Marques Moreira assumiu o Ministério da Fazenda, depois de Fernando Collor ter desistido dos planos de estabilização. “A gestão do Marcílio foi a do bom senso, anunciou que não haveria plano, nem congelamento, e assim a inflação deixou de ter esse caráter de expectativa para voltar a ser inercial, ou seja, as condições para a implementação do Plano Larida voltaram”. Na entrevista, Arida falou sobre três dos principais personagens que estiveram envolvidos no processo de criação do Plano Real: o presidente Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e o embaixador Rubens Ricupero, que estava à frente do Ministério da Fazenda quando o plano foi implementado. Fernando Henrique, segundo ele, tem um papel que define como “extraordinário” no processo. “Ele bancou a ideia que, se desse certo, lhe daria capital político excepcional, e se desse errado, seria o seu funeral político”, avalia. “O fato de ele ser um intelectual fez toda a diferença, mas Fernando Henrique também era um político, senador, tinha certa ascendência sobre o Itamar, que o respeitava muito, e muita sabedoria na conversa”, conta. “Fui com ele várias vezes conversar com o presidente, na Câmara, no Senado e ele conduzia a conversa com jeito único”. Dos personagens que se colocaram contra o Plano Real, Arida rememorou uma conversa que teve com o então deputado federal em primeiro mandato Jair Bolsonaro. Ele quis saber se os salários dos militares teriam reajustes reais. “Eu respondi que não e, quando tentei explicar a razão, ele disse que aquilo era o suficiente: ia votar contra, e assim fez”. Futuro Olhando em perspectiva, Arida acredita que o controle da inflação no Brasil do século 21 está intrinsecamente ligado ao sistema democrático. “A inflação em 1970 (durante a ditadura) era de 12% ao ano e em 1980, 10 anos depois (ainda na ditadura) era de 100%; em um sistema democrático, se passasse de 12% para 100%, pode ter certeza de que o governo já teria caído”, diz. “O grande sustentáculo da estabilidade de preços é a opinião pública e no regime democrático, se o presidente deixar a inflação correr solta, não vai ser reeleito, o partido dele não vai se dar bem na eleição”. Arida destaca, porém, outras inquietações que diz ter. “Há um processo de empoderamento do Legislativo, e um processo de judicialização da política que estão tornando o País muito disfuncional”, aponta. “Territórios viraram Estados, Estados foram divididos e com isto ocorreu uma disfuncionalidade de representação enorme – na prática, Norte e Nordeste controlam o Senado e pelo teto controlam a Câmara”. Segundo ele, “há situações institucionais que preocupam, além das econômicas, mas sobre a estabilidade de preços estamos bem porque é um valor público”.  

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Milícias do Rio são tema de novo Caderno Democrático

Em entrevista, jornalista Rafael Soares conta como as milícias nasceram e se desenvolveram no Rio de Janeiro

Redação Scriptum O surgimento e crescimento do fenômeno das milícias no Estado do Rio de Janeiro é o tema da mais recente edição da série Cadernos Democráticos, já disponível para leitura on-line ou download gratuito no site da fundação para estudos e formação política do PSD. A publicação traz a íntegra da entrevista do jornalista Rafael Soares para o programa Diálogos no Espaço Democrático, disponível no canal de Youtube da fundação. Repórter do jornal O Globo, ele é autor do livro Milicianos: Como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele (Editora Objetiva, 320 páginas). Na entrevista concedida ao sociólogo Tulio Kahn e aos jornalistas Sérgio Rondino e Eduardo Mattos, Soares detalha como as milícias, que nasceram no bairro de Rio das Pedras, na zona Oeste do Rio – pelas mãos de comerciantes que queriam se defender de bandidos – foram capturadas por ex-policiais, que trocaram a farda pelo crime. “O Estado tem grande responsabilidade no fato de policiais civis e militares se juntarem ao crime”, diz o jornalista. [caption id="attachment_38020" align="alignright" width="411"] O jornalista Rafael Soares[/caption] Ele usa como exemplo do seu argumento o ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, que denunciou os mandantes do crime recentemente. “O Lessa era considerado uma lenda na corporação, um cara que teve carreira meteórica, que foi de soldado a sargento em dois anos, o que aconteceu em razão dos muitos elogios, congratulações, gratificações por bravura, ou seja, a ficha dele era a de um robocop”, conta. “Mas quando comecei a apurar detalhadamente as ocorrências que alavancaram essa carreira meteórica, percebi que em todas elas havia suspeitas ou indícios de violações aos direitos humanos: tortura, execução, desvio de drogas ou armas; casos que não foram investigados como deveriam pela PM”. Para o jornalista, na época em que Lessa foi envolvido nesses muitos casos o Estado tinha como saber o modus operandi dele. “A política de segurança pública do Rio, e não estou me referindo a apenas um governo, deu faca e queijo na mão para o Lessa, que virou um criminoso porque o Estado formou ele para isso, fechando os olhos para os crimes que ele cometia e incentivando a cometer esses crimes com elogios, promoções”.

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Aprovação de Lula piora, mas ainda supera a de Bolsonaro

Cientista político Rogério Schmitt analisa os números mais recentes de popularidade do presidente

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