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Taxonomy - Manchete secundária
Maioria dos brasileiros está acima do peso
Apenas 4% estão abaixo do peso normal, mas os pobres e extremamente pobres são mais de 80 milhões, escreve Roberto Macedo
Roberto Macedo, economista e colaborador do Espaço Democrático Edição Scriptum A pesquisa que mostrou esse resultado foi encomendada pelo Datafollha e seus resultados foram publicados pelo jornal Folha de S. Paulo em 19 de agosto. Vamos aos números. Foram entrevistadas 2.012 pessoas com idade média de 43 anos. 35% foram encontrados com sobrepeso, 34% com obesidade. 37% com peso normal e apenas 4% abaixo do peso. 17% querem ganhar peso e 46% perder. Obesidade e sobrepeso são considerados doença, mas segundo uma médica entrevistada pela reportagem há um percentual muito baixo de pessoas que têm o diagnóstico da doença. Segundo outro entrevistado, também médico, o aumento de peso tem sido uma tendência mundial, em parte devido ao aumento do consumo de carboidratos e alimentos ultraprocessados. O mesmo médico falou de um outro estudo, que prevê que no ritmo atual quase metade da população brasileira será obesa nos próximos 20 anos se os padrões atuais forem mantidos. Para o tratamento da obesidade e do sobrepeso é preciso conscientização, mas 72% dos brasileiros dizem estar satisfeitos com o próprio peso, embora, como dito acima, 46% queiram perdê-lo. Há aí uma contradição. A pesquisa me trouxe à mente outra percepção sobre a qual ela não elabora. Pelos dados apresentados, apenas 4% estão abaixo do peso normal, mas a proporção de pobres e extremamente pobres é muito maior, e quando vejo os dados de pobreza, que conforme a Folha de 5 de dezembro são 67,7 milhões de pobres e 12,6 milhões de extremamente pobres, sempre me pergunto: como esse pessoal sobrevive? Essa pesquisa do Datafolha dá a impressão de que em termos de alimentação o problema seria menos grave. Seria interessante uma outra pesquisa tratando dos dois problemas (pobreza e alimentação) ao mesmo tempo para confirmar ou não se essa impressão está correta. Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do PSD e da Fundação Espaço Democrático. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Card link Another linkSemana de quatro dias para enfrentar o envelhecimento
Governo japonês reduz jornada de trabalho para estimular casais a terem filhos e aumentar a taxa de natalidade
[caption id="attachment_39111" align="aligncenter" width="560"] Tokio também permitindo que algumas pessoas trabalhem menos horas por dia para equilibrar melhor suas responsabilidades domésticas.[/caption]
Texto: Estação do Autor com Fortune Media / Estadão
Edição: Scriptum
O Japão enfrenta hoje um grande desafio: reverter a baixa taxa de natalidade no país. Para isso, o governo tem tomado uma série de medidas. Sua maior cidade, Tóquio, vai tentar algo novo. A partir de abril do próximo ano, o governo metropolitano permitirá que seus funcionários trabalhem quatro dias por semana. O que é muito significativo, tendo em vista que se trata de um dos maiores empregadores do país. A administração também está reforçando seus benefícios de licença para cuidar de crianças, permitindo que algumas pessoas trabalhem menos horas por dia para equilibrar melhor suas responsabilidades domésticas.
Reportagem de Azure Gilman (Fortune) e Emma Burleigh (Fortune), publicada no Estadão informa que a taxa de natalidade no Japão atingiu um recorde de baixa no início deste ano. De janeiro a junho, o país registrou 350.074 nascimentos, uma queda de 5,7% em relação ao mesmo período em 2023, segundo o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar.
A partir dos anos 90, o governo exigiu que as empresas oferecessem licenças parentais generosas, adicionou subsídios para creches e começou a oferecer pagamentos em dinheiro para os pais. Oito anos consecutivos de queda no número de nascimentos contribuíram para o temor de um encolhimento da população, o que poderia afetar a economia.
A alteração para uma semana de trabalho de quatro dias aborda algumas questões centrais associadas à intensa cultura de trabalho do Japão, que pesa especialmente sobre as mulheres trabalhadoras. A diferença entre homens e mulheres no que diz respeito ao trabalho doméstico é uma das maiores entre os países da OCDE. As mulheres japonesas fazem cinco vezes mais trabalho não remunerado do que os homens, o que inclui cuidados com crianças e idosos, de acordo com um relatório de 2024 do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Seria necessária uma grande mudança na sociedade para que a semana de trabalho de quatro dias se popularize, apesar de experimentos mostrarem que trabalhar um dia a menos por semana melhora a produtividade e o bem-estar do funcionário, disse Peter Miscovich, líder global do futuro do trabalho na empresa de serviços imobiliários JLL.
Dados na nuvem viram dor de cabeça nas universidades
Antes gratuito, armazenamento de conteúdo passa a ser cobrado e limitado, criando sérios problemas para as instituições
[caption id="attachment_39100" align="aligncenter" width="560"] O serviço das big techs costuma ser utilizado para arquivar artigos acadêmicos, dados científicos, documentos e certificados, além de conteúdos pessoais.[/caption]
Texto: Estação do Autor com O Globo
Edição: Scriptum
Mudanças nas políticas de armazenamento adotadas por gigantes da tecnologia, como Google e Microsoft, estão afetando universidades públicas brasileiras, assim como seus estudantes e professores. Segundo reportagem de Bruno Alfano para o jornal O Globo (assinantes), as reformulações nos planos gratuitos com espaço quase ilimitado, anunciadas pelo Google em 2021 e pela Microsoft em fevereiro deste ano, têm gerado despesas tanto para instituições quanto para usuários individuais, além de intensificar o debate sobre dependência digital. O serviço das big techs costuma ser utilizado para arquivar artigos acadêmicos, dados científicos, documentos e certificados, além de conteúdos pessoais.
Lidiane da Silva, gestora da Unifesp e coordenadora do Colégio de Gestores de TI das universidades, um grupo vinculado à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, afirma que quando Google e Microsoft começaram a criar as regras de restrição tornaram as universidades reféns. Quem tinha recursos e precisava do serviço em maior escala acabou pagando para manter suas contas. Já quem não podia se adequou às regras das empresas. As poucas instituições que não fazem uso de nenhuma delas mantêm serviço próprio.
Entre 2007 e 2021, o Google ofereceu armazenamento ilimitado para as universidades, seus docentes e seus estudantes. Há três anos, no entanto, decidiu limitá-lo a 100 terabytes o que é muito para um indivíduo, mas pouco para uma instituição inteira. A USP, por exemplo, comunicou em maio deste ano que as contas institucionais passariam a ter um limite de 100 gigabytes, removendo arquivos de docentes acima desse limite.
Em artigo de novembro de 2021, Ewout ter Haar, professor do Instituto de Física da USP, defendeu que instituições como as maiores universidades do país “não podem deixar atrofiar sua capacidade técnica e organizacional de manter sua própria infraestrutura sobre a qual docentes vão desenhar suas experiências educacionais”. Ele ainda afirmou que “o uso de plataformas de terceiros deve ser analisado estrategicamente e com uma visão técnico-política de longo prazo”.
Crise de dólares leva a disparada de preços na Bolívia
País andino acumula seguidos déficits fiscais e a população enfrenta filas para ter combustíveis e alimentos
[caption id="attachment_39093" align="aligncenter" width="560"] A população sofre com a escassez de combustíveis, principalmente do diesel. Há também filas para conseguir alimentos básicos subsidiados, como arroz e farelo de trigo.[/caption]
Texto: Estação do Autor com BBC News Brasil
Edição: Scriptum
Mesmo sendo um dos países mais pobres da América Latina, a Bolívia controlou a alta dos preços dos alimentos nos últimos 15 anos graças a políticas públicas voltadas para o mercado interno e contra o ciclo inflacionário. Agora, contudo, o alto déficit na balança comercial, similar ao da Argentina, provoca na economia boliviana uma crise que resulta na escassez de dólares, que chegam a ser comprados em lojas do país.
Isso impacta a inflação, cujo índice anual chegou a 5,5% em setembro, patamar elevado para os padrões bolivianos. A situação econômica tem gerado crescente insatisfação entre a população do país, principalmente porque ocorre em meio a disputas políticas internas, agravando as tensões sociais. A reportagem de Vinícius Pereira para BBC News Brasil traz mais informações sobre o assunto.
Desde 2015 a Bolívia acumula seguidos déficits fiscais. A situação piorou a partir de 2023, com a queda da venda do volume de gás, principal item de exportação da Bolívia.
No ano passado, o país precisou recorrer às reservas internacionais para subsidiar o preço dos combustíveis, que é importado. Os subsídios, que vão dos alimentos às empresas que importam diesel e gasolina e custam cerca de US$ 4 bilhões por ano, passaram a pesar na conta, com o governo gastando mais do que arrecada.
“As reservas internacionais bolivianas se reduziram para algo próximo ao nível do colapso", afirma o economista Jaime Dunn De Avila, mestre em administração de empresas pela Universidade Católica Boliviana. Com a falta de mercadorias e aumento de preços, ficou mais difícil para o país importar até produtos essenciais, como alimentos e remédios, explica.
A população sofre com a escassez de combustíveis, principalmente do diesel. Há também filas para conseguir alimentos básicos subsidiados, como arroz e farelo de trigo.
Além disso, tensões políticas entre Luís Arce e o ex-presidente Evo Morales, ex-aliados que disputam o controle do partido no Movimento ao Socialismo (MAS) e a possibilidade de disputar as eleições no ano que vem, afastaram investidores estrangeiros.