Pesquisar
Taxonomy - Geral
Mundo vive uma espécie de segunda guerra fria
Gunther Rudzit, especialista em relações internacionais, é entrevistado pela TV Espaço Democrático
Licença de CACs para condenados por tráfico e homicídio é tema do Espaço Democrático
Reunião semanal da fundação para estudos e formação política do PSD discutiu denúncia publicada por jornal paulista
[caption id="attachment_37945" align="aligncenter" width="560"] Reunião semanal de colaboradores do Espaço Democrático[/caption] Redação Scriptum A recente denúncia do jornal O Estado de S.Paulo, de que o Exército emitiu licenças de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs) para condenados por crimes como tráfico de drogas e homicídio, pessoas com mandados de prisão em aberto e para cidadãos que podem ter sido usados como “laranjas” do crime organizado foi um dos temas da reunião semanal do Espaço Democrático, a fundação para estudos e formação política do PSD, nesta terça-feira (5). O jornal baseou a denúncia em um relatório sigiloso do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o controle de armas por parte dos militares entre 2019 e 2022. Naqueles quatro anos, 5.235 pessoas em cumprimento de pena puderam obter, renovar ou manter os chamados certificados de registro (CR). Segundo o Estadão, deste total 1.504 tinham processos de execução penal ativos quando submeteram a documentação ao Exército, mas não foram barrados. Outro tema abordado na reunião foi o conflito no Oriente Médio, entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Nesta segunda-feira (4), especialistas da ONU responsáveis por recolher informações sobre a violência sexual no ataque do grupo terrorista Hamas contra Israel, em 7 de outubro, encontraram o que chamam de “motivos razoáveis para acreditar” que algumas vítimas foram sexualmente agredidas, incluindo estupro e estupro coletivo. Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, os cientistas políticos Rogério Schmitt e Rubens Figueiredo, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, o sociólogo Tulio Kahn, o gestor público Januario Montone, o empresário e professor Helio Michelini e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino.
Card link Another linkCasos de dengue podem bater recorde no Brasil este ano
Januario Montone, consultor na área de saúde, atribui resultado à falta de prevenção no ano anterior
[caption id="attachment_37926" align="aligncenter" width="560"] Este é o terceiro ano consecutivo de surtos de dengue no Brasil; Montone lembra que o número de casos de um ano é retrato de como foi a prevenção no ano anterior.[/caption] Redação Scriptum O Brasil pode bater em 2024 o recorde de casos de dengue registrado em 2015. O alerta foi feito nesta terça-feira (27) pelo gestor público e consultor na área de saúde Januario Montone. Em análise do cenário atual feita na reunião semanal do Espaço Democrático – a fundação para estudos e formação política do PSD –, Montone, que foi presidente da ANS e da Funasa, diretor da Anvisa e secretário municipal de Saúde de São Paulo na gestão de Gilberto Kassab, apontou que nove anos atrás o Brasil teve a notificação de 1.709.141 casos, enquanto em 2024, em apenas nove semanas, já são 920.427 casos prováveis, com 184 mortes confirmadas e outras 609 em investigação. Historicamente, o pico do contágio acontece entre os meses de março e abril. Este ano, entre janeiro e fevereiro já temos mais casos. “Houve um crescimento atípico para janeiro”, diz Montone. “Se projetarmos esses números com base no perfil histórico de pico para os meses de março e abril poderemos chegar a quatro ou cinco milhões de casos”, afirmou. O especialista fez ainda uma outra projeção, usando como referência a menor taxa de letalidade dos últimos dez anos, de 0,049, registrada em 2016. De acordo com esses cálculos o Brasil poderia ter, se chegar aos quatro ou cinco milhões de casos, 2.200 mortes. Os números mais recentes mostrados por ele revelam que a situação é bastante crítica, hoje, no Distrito Federal e nos Estados de Minas Gerais, Acre, Paraná, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo, que têm os mais altos coeficientes de incidência de casos prováveis. Este é o terceiro ano consecutivo de surtos de dengue no Brasil. Em 2022 foram registrados 1.399.550 casos, com 1.056 mortes, e em 2023 foram 1.531.934 notificações, com 1.048 óbitos. Montone lembra que o número de casos de um ano é retrato de como foi a prevenção no ano anterior. “A dengue é endêmica no Brasil e se a prevenção de inverno de um ano não é bem feita, com o combate aos ovos do Aedes aegypti tanto pelo cidadão quanto pelo poder público, teremos muitos casos no ano seguinte”, diz. “O próximo inverno será a hora de cuidar para reduzir os casos do ano que vem, porque depois que o mosquito voa, tudo fica mais difícil”. Sobrevivente Montone define o Aedes aegypti como “um sobrevivente”, que se adaptou às condições do ambiente. “Hoje, por exemplo, já sabemos que os ovos podem evoluir também em água suja e não apenas em água limpa, como se acreditou durante muito tempo”, explica. “E o ciclo de vida dele tem diminuído: as larvas viram pupas, que se transformam em mosquitos entre cinco e dez dias”. O mosquito vive em média 45 dias e a fêmea, que é a vetora do vírus da dengue, pode colocar até 450 ovos. Pesquisadores especulam que a dengue pode ter sido introduzida no Brasil com o tráfico de escravizados. Há registros da presença do Aedes aegypti no Brasil já no século 17. Ele também é o vetor dos vírus da zika, chikungunya e febre amarela urbana, que foi erradicada aqui em 1942. Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático, os economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, os cientistas políticos Rubens Figueiredo e Rogério Schmitt, o superintendente da fundação, João Francisco Aprá, o sociólogo Tulio Kahn e os jornalistas Eduardo Mattos e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação do Espaço Democrático.
Card link Another linkA história do plano que levou a nocaute a hiperinflação crônica do Brasil
Programa da TV Espaço Democrático entrevista um dos criadores do plano de estabilização, o economista Persio Arida
https://youtu.be/VMCaKgzq2ig?si=2ecgBLnRX6WX7R1u Redação Scriptum O economista Roberto Macedo costuma dizer que Persio Arida e André Lara Resende, os artífices do Plano Real, mereciam ganhar o Prêmio Nobel de Economia por sua obra, que promoveu a transformação na vida de milhões de brasileiros. Macedo fala com conhecimento de causa. Secretário de política econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) no início da década de 1990, ele conhece como poucos os efeitos nefastos da hiperinflação sobre a sociedade brasileira nos anos que se seguiram à redemocratização. Modesto, Arida atribui à generosidade do seu ex-professor na Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) a sugestão de um prêmio pela criação e implementação do Plano Real, que está completando 30 anos. “Foi um privilégio, uma experiência absolutamente única formular uma teoria, não conseguir aplicá-la uma vez, ter uma segunda chance e enfim conseguir aplicá-la com sucesso”, diz o economista em entrevista ao programa Diálogos no Espaço Democrático, produzido pela fundação de estudos e formação política do PSD e disponível em seu canal de Youtube. Na entrevista aos economistas Roberto Macedo e Luiz Alberto Machado, ao cientista político Rogério Schmitt, ao ex-deputado e coordenador de Relações Institucionais do Espaço Democrático, Vilmar Rocha, e ao jornalista Sérgio Rondino, âncora do programa de entrevistas, Arida contou não só como foi concebida a ideia do Plano Real, mas também algumas histórias de bastidores de alguns dos principais personagens envolvidos no projeto. Economista formado pela USP, ele tem doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), lecionou na própria USP e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), período durante o qual ele e André Lara Rezende, a quem havia conhecido no MIT, estudaram profundamente a hiperinflação brasileira e desenvolveram a Teoria da Inflação Inercial. Foi a partir dela que desenvolveram a ideia de uma reforma no sistema monetário por meio da criação de uma moeda nova, que circularia junto com a da época, o cruzeiro, que aos poucos seria abandonado. A ideia passou a ser conhecida como Plano Larida (acrônimo dos nomes dos dois economistas) e poderia ter sido colocada em prática oito anos antes, em 1986, no governo de José Sarney, quando foi criado o Plano Cruzado. Primeira tentativa “Antes do Plano Cruzado eu conversei com o então procurador-geral da República, Saulo Ramos, sobre fazer algo com base no Plano Larida, usando uma moeda indexada, e a resposta dele foi direta: esqueça porque no Brasil só pode existir uma moeda, a Constituição não permite duas e o STF vai derrubar”, conta. “O plano ‘B’ era muito inferior, parecido com o que Israel havia feito um ano antes: congelamento temporário de preços e salários com base em acordo com centrais sindicais, algumas regras para mudar contratos, forte contração fiscal e política monetária bastante apertada”. Olhando em retrospectiva, Arida considera que o Cruzado era um plano natimorto na medida em que não foi possível ajustar as políticas fiscal e monetária – o Banco Central não tinha independência para subir a taxa de juros. “Por uma certa ingenuidade nossa, não demos a devida atenção ao fato de que teríamos eleições em outubro daquele ano (para os governos dos Estados, Câmara Federal e Senado) e para os políticos, a tentação de estender o congelamento por muitos meses ficou irresistível”. Neste cenário, os gastos públicos aumentaram, e foi até mesmo introduzido um gatilho salarial de última hora no plano. Congelamentos em série Apesar do fracasso do Plano Cruzado, que parece ter incutido na classe política o conceito equivocado de que era necessário o congelamento de preços para segurar a inflação – foi assim em todos os planos de estabilização que vieram a seguir, Bresser, Verão, Collor 1 e Collor 2 – o economista acredita que a experiência parece ter fixado no imaginário coletivo a ideia de que era possível, ainda que temporariamente, estancar o processo inflacionário. “A inflação, entre os planos de estabilização, passou a ter uma dinâmica de expectativa pura: o empresário sabia que se ela subisse teria de enfrentar congelamento e aumentava os preços preventivamente – e sempre que a inflação subia os políticos queriam fazer outro congelamento, era a forma de manter a popularidade”, explicou. Este cenário só foi alterado quando Marcílio Marques Moreira assumiu o Ministério da Fazenda, depois de Fernando Collor ter desistido dos planos de estabilização. “A gestão do Marcílio foi a do bom senso, anunciou que não haveria plano, nem congelamento, e assim a inflação deixou de ter esse caráter de expectativa para voltar a ser inercial, ou seja, as condições para a implementação do Plano Larida voltaram”. Já no governo de Itamar Franco e com Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda, Arida, então, foi conversar com José Tadeu de Chiara, professor de direito econômico do Largo São Francisco, para tentar derrubar a dificuldade jurídica que impediu a criação da moeda virtual oito anos antes. “Ele escreveu a minuta de criação da URV e, juridicamente, tornou tudo factível”, conta o economista. Personagens Na entrevista Arida falou sobre três dos principais personagens que estiveram envolvidos no processo de criação do Plano Real: o presidente Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e o embaixador Rubens Ricupero, que estava à frente do Ministério da Fazenda quando o plano foi implementado. Fernando Henrique, segundo ele, tem um papel que define como “extraordinário” no processo. “Ele bancou a ideia que, se desse certo, lhe daria capital político excepcional, e se desse errado, seria o seu funeral político”, avalia. “O fato de ele ser um intelectual fez toda a diferença, mas Fernando Henrique também era um político, senador, tinha certa ascendência sobre o Itamar, que o respeitava muito, e muita sabedoria na conversa”, conta. “Fui com ele várias vezes conversar com o presidente, na Câmara, no Senado e ele conduzia a conversa com jeito único”. Sobre Itamar Franco, acredita que “não tinha repertório intelectual para entender o programa”. A ideia central do presidente era aumentar salários e congelar preços. “Disso ele entendia e sabia que lhe daria popularidade, mas o Fernando Henrique teve a habilidade de convencê-lo a lançar um plano que ele nunca entendeu”. O economista conta que a conversa, com o Itamar, era sempre muito difícil. “Ele falava pouco e eu mesmo não conseguia entender o que ele não havia entendido; e é difícil explicar algo se você não entende o que o outro não entendeu”, diz. “Para mim, era uma conversa pedregosa”. Já Rubens Ricupero, de acordo com ele, teve o papel de um “pregador” nos meses cruciais em que esteve à frente do Ministério da Fazenda. “Entendeu o plano, não interferiu e fez uma peregrinação incansável para explicar o que estava acontecendo”. Dos personagens que se colocaram contra o Plano Real, Arida rememorou uma conversa que teve com o então deputado federal em primeiro mandato Jair Bolsonaro. Ele quis saber se os salários dos militares teriam reajustes reais. “Eu respondi que não e, quando tentei explicar a razão, ele disse que aquilo era o suficiente: ia votar contra, e assim fez”. Futuro Olhando em perspectiva, Arida acredita que o controle da inflação no Brasil do século 21 está intrinsicamente ligado ao sistema democrático. “A inflação em 1970 (durante a ditadura) era de 12% ao ano e em 1980, 10 anos depois (ainda na ditadura) era de 100%; em um sistema democrático, se passasse de 12% para 100%, pode ter certeza de que o governo já teria caído”, diz. “O grande sustentáculo da estabilidade de preços é a opinião pública e no regime democrático, se o presidente deixar a inflação correr solta, não vai ser reeleito, o partido dele não vai se dar bem na eleição”. Arida destaca, porém, outras inquietações que diz ter. “Há um processo de empoderamento do Legislativo, e um processo de judicialização da política que estão tornando o País muito disfuncional”, aponta. “Territórios viraram Estados, Estados foram divididos e com isto ocorreu uma disfuncionalidade de representação enorme – na prática, Norte e Nordeste controlam o Senado e pelo teto controlam a Câmara”. Segundo ele, “há situações institucionais que preocupam, além das econômicas, mas sobre a estabilidade de preços estamos bem porque é um valor público”.
Card link Another link